Verões sem gelo no Ártico podem acontecer mais cedo do que o esperado

Verões sem gelo no Ártico podem se tornar uma realidade mais cedo do que o esperado, estima um estudo de pesquisadores do estado do Colorado, nos Estados Unidos. As drásticas mudanças das condições na região podem acontecer entre 2035 e 2067. O período pode ser adiado a depender do nível de emissão de gases poluentes.

Um Ártico sem gelo não significa que a água em estado sólido da região irá desaparecer totalmente. Os pesquisadores consideram que, a partir de uma cobertura de gelo menor do que 1 milhão de km², a área já pode ser considerada sem gelo. Em termos de comparação, em 1980, essa cobertura em setembro equivalia a 5,5 milhões de km².

O limite máximo de gelo necessário para definir o derretimento no Ártico variou ao longo dos anos. A comunidade científica chegou a considerar esse cenário como o desaparecimento quase completo do gelo do mar.

Mas, como há um gelo grosso nas montanhas do norte da Groenlândia e no Arquipélago Ártico do Canadá, se tornou consenso classificar a condição de sem gelo como referente a uma cobertura menor do que 1 milhão de km². O gelo nessas regiões da Groenlândia e Canadá podem demorar mais de dez anos para derreter após o fim do gelo de Setembro no Ártico.

O primeiro dia sem gelo no Ártico pode vir dez anos antes do previsto em setembro, mês que traz as temperaturas mais altas na região.

Os cientistas alertam que, com isso, o Ártico deixaria de ter uma cobertura de gelo perene passando para uma cobertura sazonal. A paisagem do verão se transformaria de branca para azul à medida que o gelo se transformasse em água.

O estudo avalia que as emissões de gases do efeito estufa e CO2 das atividades humanas são os responsáveis pelas mudanças drásticas na região. Enquanto verões frequentes sem gelo são esperados entre 2035 e 2067, o primeiro dia sem gelo no Ártico pode ocorrer até 2030.

Os primeiros dias sem gelo no Ártico podem ocorrer em cenários onde a temperatura se eleve em patamares a partir de 1,3º C acima da média histórica pré-industrial. Segundo o estudo, o derretimento no curto prazo é quase inevitável. Se o aumento da temperatura ficar limitado a 1,5º C (como pretendido pelo Acordo de Paris), há uma chance de apenas 10% de que verões sem gelo no Ártico não aconteçam.

Apesar disso, o estudo ressalta a necessidade de reduzir a liberação de gases do efeito estufa e de CO2 na atmosfera. No fim deste século, períodos sem gelo podem ocorrer entre maio e janeiro e entre agosto e outubro em um contexto de alta emissão. Mesmo em cenários de baixa emissão, não haverá gelo pelo menos nos meses do verão ártico.

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Quais as consequências de um Ártico sem gelo?

À medida que o gelo derrete, a quantidade de radiação solar de ondas curtas absorvidas no Ártico aumenta e, por isso, a água irá esquentar ainda mais, apontam os especialistas. Além disso, sem a barreira natural do gelo, as ondas irão se tornar maiores, o que irá provocar aumento na erosão da costa do Oceano Ártico.

Do ponto de vista da fauna, a ausência de gelo no verão ameaça a vida de mamíferos que dependem dele para viver, como os ursos polares e as focas. Esses animais se alimentam de peixes. Sem a presença deles, o planeta pode esperar uma possível migração de algumas espécies de peixes da região subpolar para o Ártico.

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