E o Tietê? Como rio Sena vem sendo despoluído para Olimpíadas por R$ 37 bi

Se tudo acontecer como planejado, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e o presidente da França, Emmanoel Macron, vão mergulhar juntos no rio Sena, que corta a capital francesa e que está poluído há décadas.

A iniciativa faz parte das promessas de limpeza do rio para torná-lo balneável com a proximidade da abertura das Olimpíadas em 26 de julho. A ideia é que o rio seja palco de provas como natação e triatlo. Estima-se que o investimento para isso foi de US$ 7,3 bilhões (corrigidos em valores atuais, o que dá cerca de R$ 37 bilhões; no início estima-se que foi gasto US$ 1,4 bilhão).

A possível balneabilidade do Sena pode servir de inspiração para a cidade de São Paulo, que tem o rio Tietê, que é poluído e alvo de investimento há décadas para despoluição.

Histórico

As iniciativas para limpeza do rio Sena começaram na década de 1990, com o então prefeito Jacques Chirac, que futuramente se tornaria presidente da França. Com a candidatura olímpica em 2016, a promessa foi então reiterada.

Há quase 40 anos, Paris tem feito limpezas no rio, fazendo com que deixe de receber esgoto, além de recolhimento de lixo - por lá também há registros de sofás, sucata, sacos plásticos e até mesmo cadáveres.

O fato é que o Sena e seus 777km de extensão têm sido alvo de despejo de dejetos há anos. Em regiões urbanas, há despejo de esgoto, enquanto em áreas agrícolas ocorre despejo de resíduos.

A Siaap, entidade que cuida do saneamento de Paris, já instalou 26 barreiras para retenção de lixo. Isso fez com que recuperassem 1.200 toneladas de material.

Em 2023, análises da prefeitura de Paris constataram que nenhum dos 14 pontos de teste de água atingiu qualidade suficiente para banho, conforme as diretrizes europeias.

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Sobre a possibilidade de nadar de forma competitiva, a medalhista brasileira e maratonista aquática Ana Marcela Cunha defende que "a saúde do atleta" está "em primeiro lugar" e que Paris deve ter um plano B, caso não seja possível entrar no Sena.

Para turistas, a ideia é que o rio seja liberado para nado apenas em 2025.

E em São Paulo?

Com histórico semelhante, São Paulo tem os rios Tietê e Pinheiros (que desagua no Tietê), que foram considerados por muito tempo esgotos a céu aberto. Ainda longe da balneabilidade, os dois têm sido alvos de ações de governos há décadas.

O Tietê tem 1.136 quilômetros de extensão e atravessa todo o estado de São Paulo. Ele é mais poluído nas áreas metropolitanas devido ao despejo de esgoto. Em Salesópolis (a 98 km de São Paulo), na sua nascente, é possível nadar, beber água e até pescar.

O rio Pinheiros, que fica nas margens da marginal na cidade de São Paulo e tem extensão de 25 km, era conhecido pelo forte mau cheiro. Atualmente, existem capivaras nas suas margens e em março foram vistos pássaros colhereiros por lá. O mau cheiro se reduziu com o tratamento de esgoto de rios afluentes ao Pinheiros, mas ainda está longe da total despoluição e balneabilidade.

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A iniciativa IntegraTietê, do governo de São Paulo junto com a iniciativa privada, prevê investimentos na ordem de R$ 15,3 bilhões até 2026 para ampliar o saneamento, o desassoreamento (limpeza de resíduos e sedimentos no fundo do rio) e recuperação da fauna e flora dos rios afluentes do Tietê, que também inclui o Pinheiros.

*Com informações da AFP e Estadão Conteúdo

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