Trago Boas Notícias #225: Luana Genot e a liderança negra nas empresas

No episódio #225 do podcast Trago Boas Notícias, Edgard Piccoli conversa com Luana Genot. Ela é mestre em relações étnico raciais e criou o Instituto Identidades do Brasil em 2016, com o foco de diminuir a desigualdade racial no mercado de trabalho. Neste bate-papo, a Luana fala sobre as mudanças possíveis para ver cada vez mais pessoas negras em cargos de liderança nas empresas.

Luana se descreve como uma pessoa "extremamente impaciente", que não quer esperar para ver a igualdade racial acontecer. "Se a gente cruzar os braços, pode demorar até 150 anos. [...] Acredito que a gente pode usar a nossa jornada em vida para promover mudanças: pequenas, médias ou grandes, não importa. O que importa é ser mais proativo em prol do mundo que a gente quer construir e ser a mudança que a gente quer ver no mundo" (a partir de 1:18).

Ouça a entrevista abaixo:

Na conversa, ela conta sobre como os muitos "nãos" recebidos --inclusive numa tentativa de seguir a carreira de modelo-- a impulsionaram.

"Ao longo da minha jornada, eu fui vendo alguns 'nãos', fui entendendo outros 'sins' que iam abrindo e eu acredito que [...] a vontade de ecoar uma voz em prol de uma causa maior que a minha própria vida pessoal já existia, mesmo diante da minha carreira de modelo, depois no mundo corporativo, também na universidade, nos espaços acadêmicos por onde passei", disse (a partir de 1:50).

E continua (em 2:30): "Eu sempre quis fazer com que essa luta pela igualdade racial —que em última instância ressoa na luta por um mundo melhor e mais justo e com mais igualdade de oportunidades, de modo geral— ecoasse".

Ela contou também (a partir de 5:50) que sua experiência em 2012, quando foi voluntária na campanha do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, inspirou a criação do projeto Identidade do Brasil, em 2013. "Eu fiquei pensando: 'Como é que a gente consegue formar lideranças negras, novos presidentes negros, indígenas, não só no campo da política, mas também no campo do mundo corporativo?'. Aquilo ficou muito presente na minha cabeça. [...] Eu recebi muito incentivo dos meus professores, que me diziam que a questão racial no Brasil era muito profunda e que precisava de cada vez mais projetos e ações para ajudar a pautar essa temática de uma forma propositiva".

Na opinião dela, faltam oportunidades para que mais pessoas negras assumam esses cargos de liderança. Ela também disse (a partir de 9:00): "A gente teve, na última década, graças às cotas raciais e sociais, um aumento de quase 400% de negros nas universidades. Só que esse aumento ainda não se desdobrou, por exemplo, no mundo corporativo. [...] No campo do empreendedorismo, eu acredito muito que falta para a gente a informação do planejamento. Há muitas pessoas que acabam empreendendo por necessidade e, pela falta de uma educação financeira nas escolas públicas e privadas, a gente acaba não conseguindo planejar o nosso negócio [...]".

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