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Grupo de dança moderna ajuda idosos a se manterem saudáveis na pandemia

A diretora educacional Emily Kent (no centro) durante aula focada em idosos - Divulgação
A diretora educacional Emily Kent (no centro) durante aula focada em idosos Imagem: Divulgação

Carolina Vellei

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

23/09/2021 06h00

A trupe de dança moderna Pilobolus faz sucesso pelo mundo com seus movimentos corporais fluidos que desafiam as leis da física. O que aparenta ser feito com nenhum esforço, na verdade, é fruto de um intenso treinamento para desenvolver técnicas de equilíbrio e fortalecimento muscular.

Nos meses em que as apresentações tiveram que ser interrompidas por conta da pandemia, o grupo de dança decidiu direcionar mais atenção para um público que já vinha sendo atendido por aulas presenciais, mas ainda em pequeno número: idosos que buscam melhorar o equilíbrio corporal.

Aulas remotas

O programa decolou quando a versão online foi ao ar. Emily Kent, diretora educacional do grupo, usou seu tempo em quarentena para expandir o alcance do curso, fazendo videochamadas com pessoas nos Estados Unidos e desenvolvendo uma série de vídeos gratuitos disponíveis no canal do YouTube da trupe.

A série de vídeos é composta por exercícios simples baseados na experiência do grupo com técnicas que investigam de forma lúdica e aumentam a capacidade de mobilidade, estabilidade e expressão.

Não são necessários equipamentos caros ou sofisticados para fazer as aulas. Boa parte dos exercícios são feitos apenas com movimentos corporais. Eventualmente, utensílios domésticos comuns, como uma cadeira, um cone ou uma bola, são tudo que a pessoa precisa para executar as atividades propostas.

Dança e equilíbrio para todos

Apresentação do Grupo Pilobolus  - Divulgação - Divulgação
Apresentação do Grupo Pilobolus
Imagem: Divulgação

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o risco de quedas aumenta com o avanço da idade. A prevalência em pessoas acima dos 65 anos gira em torno de 30% e 60%. Entre idosos acima dos 80 anos, a incidência é mais alta, e o número de mortes associadas a quedas chega a ser seis vezes maior. Estimativas da OMS mostram que, a cada ano, mais de 600 mil pessoas morrem por essa razão em todo o mundo.

Emily entende que a arte do equilíbrio pelo movimento é uma habilidade que pode ser desenvolvida por todos, mesmo quem não tem familiaridade com dança. Para ela, essa é uma maneira de fazer com que pessoas sem o hábito de dançar consigam entrar em contato com o próprio corpo.

Exercícios são importantes para garantir que os idosos possam se movimentar por toda a vida. "Estamos desenvolvendo a mobilidade de diferentes articulações, e também o sistema cardiovascular e a força", diz Emily.

Bombeiro aposentado e aluno do curso, Lou Heydet defende a prática como uma forma de prevenção a acidentes, especialmente dentro de casa. "Quando era bombeiro, atendia ligações de pessoas mais velhas que caíam de escadas. Hoje luto contra isso. Essa é a principal razão de estarmos aqui, para vivermos mais saudáveis à medida que envelhecemos", disse ele.

Os idosos também conseguiram aumentar sua capacidade de simplesmente permanecer em pé, sem se desequilibrar. Sobre a importância do equilíbrio corporal na vida, a diretora acredita que a questão vai além do aspecto físico: "É realmente o poder de conexão da arte com o movimento e de uns com os outros como seres humanos."