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Dançarina presa injustamente cria ação para ajudar encarcerados na pandemia

Um ano após ser inocentada, dançarina criou coletivo para ajudar pessoas em situação de cárcere - Divulgação
Um ano após ser inocentada, dançarina criou coletivo para ajudar pessoas em situação de cárcere Imagem: Divulgação

Rayane Moura

Colaboração para o Ecoa, em São Paulo

08/09/2021 06h00

As medidas de restrição adotadas para evitar a transmissão da covid-19 em todo o país também mudaram o funcionamento do sistema carcerário com a suspensão de visitas presenciais. Com isso, a população carcerária ficou sem receber "o jumbo" que suas famílias levavam.

O jumbo é um conjunto de itens básicos para sobrevivência dentro das cadeias que os presos podem receber de seus familiares, como alimentos, produtos de higiene pessoal, produtos de limpeza, roupas e cobertores. Com a suspensão das visitas presenciais, as famílias podem enviar o jumbo somente via correios, o que se torna caro e inacessível para algumas delas. Pensando nisso, a dançarina Bárbara Querino de Oliveira, de 23 anos, criou o Coletivo Mo Wá.

Conhecida como Babiy Querino, ela ficou quase dois anos presa em São Paulo por um crime que não cometeu. Babiy, que é negra, diz ter sido identificada como criminosa pelos seus cabelos por vítimas brancas em dois processos. No início da pandemia ela foi definitivamente inocentada das acusações. Criou, então, a campanha Vidas Carcerárias Importam, que vem garantindo que pessoas em situação de cárcere tenham pelo menos o mínimo para sobreviver.

"É preciso, sim, falar daqueles que se encontram privados da liberdade, falar principalmente sobre o quanto o sistema é negligente e como contribui com a propagação de doenças por falta de produto de higiene, limpeza, alimentação decente, cobertores e roupas de frio", diz a dançarina.

Mo Wá - Divulgação - Divulgação
Com ajuda de amigas, dançarina envia pelo correio ajuda para população encarcerada
Imagem: Divulgação

Um ano após a sua absolvição, ela sentiu a necessidade de perpetuar a campanha e criou o coletivo. "Mo wá em Yorùbá significa Eu existo. "O Coletivo Mo Wá nasce através de uma frase de significado potente e especial para mim. Treze de Maio de 2020 foi quando gritei e tatuei no peito minha existência, quando fui absolvida por um crime que não cometi e mesmo assim paguei! Por isso criei esse coletivo, com ações voltadas ao sistema carcerário e às periferias da zona sul de São Paulo", conta.

O coletivo realiza um levantamento e um pré cadastro das famílias que precisam das doações, além de muitos procurarem Babiy via redes sociais ou grupos. "Algumas famílias chegam até mim porque viram o post, outras porque um amigo foi ajudado pela campanha. Eu também faço muitas publicações em grupo com mulheres, mães, filhos do sistema carcerário, então é algo meio que orgânico", conta.

Junto com a amiga Aline Pereira, higieniza tudo o que recebe ou compra dentro da própria casa, e monta o jumbo de acordo com a necessidade de cada preso. Depois embala e identifica com fotos e dados básicos de cada preso e família e envia para elas o código de rastreio. Babiy diz que já conseguiu ajudar cerca de 300 famílias.

"Pessoas são presas todos os dias, pessoas sentem fome todos os dias, tem famílias que não têm condições de ajudar esses presos, então essa ajuda não pode ser somente durante a pandemia. É muito gasto com viagem e jumbo, muitos não têm essa condição, então entendo todas essas barreiras, a gente pretende continuar com a campanha mesmo após a pandemia", diz ela.

Se você tem interesse em ajudar O Coletivo M? Wá, Babiy mantém uma Vakinha Online, além de uma conta destinada para doações. Pode também ajudar ocvm doações em dinheiro para:
Barbara Querino de Oliveira
Banco Next | Agência: 6176 | Conta Corrente: 201056-9 | PIX: + 5511945995298
Para contribuição de itens básicos, entrar em contato via redes sociais da Babiy ou o Coletivo M? Wá via redes sociais, e também via email: contatobabiy@gmail.com