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Engenheiro dá aulas gratuitas para alunos do fundamental do MS na pandemia

Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Tainara Rebelo

Colaboração para o Ecoa, em São Paulo

17/05/2021 06h00

A missão "ajudar" cresceu consideravelmente no último ano em todo o mundo, devido à pandemia de covid-19. Da noite para o dia, empregos foram fechados, trabalhadores enviados para suas casas, serviços pararam de ser oferecidos e um imenso "e agora?" tomou conta da sociedade.

Foi assim que muitas pessoas começaram a entender que, para sobreviver, era preciso doar alimentos, roupas, o seu tempo ou conhecimento. E é assim que o João Carlos Nascimento Ferreira Júnior entra nessa história.

Aos 49 anos, João é engenheiro de Fortificação e Construção e desde os anos 2000 trabalha como auditor fiscal. Em 2014, começou a dar aulas particulares para alunos que precisavam de uma ajuda extra para prestar concursos públicos. "Na pandemia, percebemos que o foco precisava ser outro, e estendemos o projeto a pessoas que não estavam conseguindo acompanhar as aulas regulares da escola", explicou.

O engenheiro atua em uma missão que leva assistência social e estudo a crianças e jovens, não como um reforço escolar, mas visando aprová-los em concursos públicos e particulares. Os alunos que participam são de escolas públicas, matriculados do 4° ao 9° ano do ensino fundamental, sem critério de seleção.

A ação funciona com aulas de segunda a sábado, em três períodos. Para assistir, os alunos precisam ter acesso à internet, pois o conteúdo é ministrado por meio dos aplicativos Zoom e Meet. Na pandemia, o conteúdo ficou todo online, então alguns celulares foram doados para que os alunos que não tinham acesso à internet, ou aparelhos celulares suficientes na casa, pudessem acompanhar também.

Perguntado sobre o que a sensação de poder ajudar esses alunos gerou em si mesmo, João Carlos se emociona. "A pandemia mudou tudo! É comovente a franqueza de certos alunos, os seus interesses, o vigor diário em busca da conquista. Emociona-me a linguagem simples de pais que vendem pão, que são empregados domésticos e estão ali ajudando seus filhos todos os dias para garantir um futuro muito melhor pelos estudos", disse.

O curso já gerou 91 aprovados no concurso do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul); 21 em escolas privadas, nas quais os alunos estudam com bolsa, ou com mensalidades e material escolar pagos por empresários locais ou de outras unidades federativas; 2 aprovados no concurso dos colégios militares, uma em Campo Grande (MS) e outro no de Belém (PA).

"E vamos continuar. A pandemia nos fez enxergar que a barreira tecnológica pode ser ultrapassada para locais ainda mais distantes. Por isso, temos planos ainda maiores a partir de agora", revelou.

O novo plano é auxiliar a todos os alunos do Brasil que precisarem, migrando para outra plataforma que permita mais participantes por grupo, e fazendo lives no YouTube para todo o Brasil e ainda algumas comunidades de Moçambique, na África, que estão interessados e dispostos a participar do projeto.

"Ser parte de uma corrente do bem é uma troca muito valiosa. Somos reconhecidos por isso, quanto mais conseguimos substituir os nossos interesses pessoais pelos interesses coletivos, melhor a nossa sociedade fica", finaliza.

O Projeto possui alguns canais no Youtube e um site (caseiro) com muitas aulas e provas resolvidas dos Institutos Federais, Colégios Militares e outras.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do publicado, o projeto acontece em Mato Grosso do Sul, não em Mato Grosso. A informação foi corrigida.