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Brasil dispensa caminhão elétrico e GNV vira combustível do futuro no país

R410 movido a gás natural deve ganhar novas versões no país - Vitor Matsubara/UOL
R410 movido a gás natural deve ganhar novas versões no país Imagem: Vitor Matsubara/UOL

Vitor Matsubara

Colaboração para o UOL, de Hannover (Alemanha)*

20/09/2022 13h16

Resumo da notícia

  • Marcas como Iveco e Scania confirmaram produtos movidos a gás natural no país
  • Iveco mostra versões da Daily movidas a GNV e célula de combustível a hidrogênio
  • Scania promete ampliar gama de caminhões a gás no mercado brasileiro

Alguns importantes nomes da indústria de caminhões devem adotar o gás natural veicular (GNV) como fonte de propulsão para os próximos anos no mercado brasileiro.

Durante o Salão de Veículos Comerciais de Hannover, marcas como Iveco e Scania já sinalizaram que o GNV virá antes da propulsão 100% elétrica. A decisão vai na contramão da indústria europeia, que já discute quando os pesados movidos a eletricidade estarão rodando pelas estradas.

Iveco estuda levar parceria com Hyundai ao Brasil

Iveco eDaily FCEV - Vitor Matsubara/UOL - Vitor Matsubara/UOL
eDaily usa célula de combustível desenvolvida pela Hyundai
Imagem: Vitor Matsubara/UOL

A Iveco admitiu que os veículos movidos a gás estão na ponta dos combustíveis alternativos. Inclusive, o primeiro caminhão abastecido com GNV deve estrear no mercado brasileiro no segundo semestre de 2023.

Em seguida surgem os veículos elétricos e depois os projetos movidos a célula de combustível. Estas duas fontes de propulsão estão presentes na linha Daily exibida no evento alemão.

A eDaily tem autonomia estimada entre 350 e 400 km. Já o eDaily FCEV é movido por um sistema de célula de combustível de
hidrogênio de 90 kW fornecido pela Hyundai, com quem a Iveco assinou um acordo de colaboração no desenvolvimento de tecnologias, plataformas e componentes.

O utilitário ainda traz um motor elétrico de 140 kW desenvolvido pela FPT Industrial. Seis tanques permitem uma capacidade combinada de armazenamento de 12 kg de hidrogênio. Segundo a Iveco, o protótipo de 7,2 toneladas foi testado na Europa e confirmou autonomia de 350 km. A carga útil máxima é de 3 toneladas e o tempo de reabastecimento foi estimado em 15 minutos.

Márcio Querichelli, presidente da Iveco para a América Latina, confirmou conversas para ampliar o acordo de colaboração com a Hyundai, inclusive no Brasil.

"Estamos discutindo com a Hyundai oportunidades de desenvolvimento de parcerias, que podem chegar ao mercado brasileiro. Tenho conversado com o Ken Ramirez (presidente das operações da marca no Brasil e Américas do Sul e Central)", revela Querichelli.

Scania deve reforçar linha de GNV

Enquanto confirma o plano de eletrificação de sua gama de caminhões na Europa, a Scania sinaliza que os combustíveis alternativos vão ditar as regras da empresa no Brasil pelos próximos anos. A empresa, aliás, é uma das maiores incentivadoras das fontes alternativas de combustível, incluindo gás natural veicular, gás liquefeito e biometano.

Christian Levin, CEO global da Scania, reiterou os planos sustentáveis da empresa.

"Nossa intenção é migrar completamente para fontes de energia limpas até 2030. Estamos almejando para que, até 2025, todos os produtos de nossa gama contem com uma opção elétrica", afirma.

O plano da fabricante para o mercado brasileiro não foge da estratégia adotada na Europa.

"É claro que o futuro (no Brasil) também é elétrico, mas neste momento nós vemos os biocombustíveis como alternativa mais viável neste momento. Fizemos estudos em que identificamos que os clientes buscam informações sobre sustentabilidade", declara Mats Gunnarsson, vice-presidente executivo das Operações Comerciais globais da Scania.

Prova disso é a apresentação dos novos motores de 13 litros a gás, com 420 cv e 460 cv. Atualmente, a Scania oferece uma variação do motor OC13 de ciclo Otto, de 410 cv. São grandes as chances de as motorizações apresentadas em Hannover chegarem ao país em breve.

A confirmação deve ocorrer durante a Fenatran, maior evento da indústria de caminhões e ônibus do Brasil e que acontecerá em novembro.

"Nós evoluímos muito rápido mesmo com todas as barreiras existentes para o GNV, e o lançamento das novas opções de motorização poderão ampliar as oportunidades neste mercado para nós", conclui Levin.

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* Viagem a convite da Anfavea