Carlos Ghosn sobre Nissan: virou uma empresa 'enfadonha e medíocre'
Ex-CEO da Nissan, Carlos Ghosn disse em entrevista que a montadora japonesa está fadada a ter problemas para sobreviver na indústria automotiva no futuro.
O ex-dirigente, brasileiro de nascimento, foi preso no Japão no fim de 2018 por má conduta financeira e esperava seu julgamento no país asiático, até que fugiu da detenção e saiu do país em um jato particular escondido das autoridades, em 2019. Hoje morando no Líbano, onde tem família Ghosn alega que foi vítima de um complô.
Segundo o ex-executivo, a Nissan só piorou desde a sua saída, que aconteceu, afirma, por conta da suposta resistência da montadora a uma maior colaboração dentro da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
"A Nissan voltou ao que era em 1999, infelizmente, após 19 anos de trabalho", disse Ghosn ao canal de TV "Fox Business".
"É uma empresa automobilística enfadonha e medíocre, que vai lutar para tentar encontrar seu lugar na indústria. Estávamos construindo um sistema em que essa empresa faria parte de algo completamente novo, com muita inovação técnica."
A circunstância da entrevista se deu pelo fato de Ghosn estar atualmente divulgando seu livro, chamado de Broken Alliances (Alianças Quebradas) - que conta a sua versão a respeito do afastamento da companhia.
"O governo japonês e alguns executivos da Nissan pensaram que o equilíbrio existente entre os franceses e os japoneses nesta aliança não seria respeitado", disse Ghosn, acrescentando que "o governo francês estava agindo de forma a ter uma participação muito maior na aliança".
Ele ainda explicou que entrou em desespero quando observou o comportamento de juízes e promotores quando estava sob custódia no Japão. Ele conseguiu escapar, mas deixou lá o antigo vice-presidente executivo, Greg Kelly, que atualmente está em julgamento.
"Greg Kelly ainda está no Japão como refém do sistema, sendo julgado por uma única acusação de cumplicidade... é uma piada", explicou Ghosn. "Ele ainda está esperando uma decisão do julgamento que, segundo entendi, ocorrerá em março de 2022, três anos após a prisão. Isso apenas diz o quão artificial foi essa medida para impedir a fusão e o desenvolvimento desse grupo de empresas."
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