Por estética, conforto e saúde, banco de couro vira item de carro popular
Foi-se o tempo em que banco de couro no carro era artigo de luxo no Brasil. Nos últimos anos, o item deixou de ser visto só em importados e modelos caros, ganhando os assentos de carros de entrada, como Volkswagen Gol e Fiat Uno, e compactos premium, como Ford New Fiesta.
Segundo o CICB (Centro das Indústrias e Curtumes do Brasil), o percentual de toda a produção brasileira de couro destinado ao setor automotivo já rompeu a faixa dos 6% em 2013, chegando a 40 mil toneladas, ou 2,8 milhões de peças. Para este ano, a expectativa é passar de 43 mil toneladas.
De série, ainda são poucos os veículos de entrada que trazem o revestimento em couro -- mas é possível solicitar a instalação nas próprias concessionárias, antes mesmo de retirar o carro zero, por preços que variam entre R$ 1.600 e R$ 2.500.
Para veículos usados, existem lojas independentes que fazem o revestimento integral (bancos e paineis das portas), com couro 100% natural, a partir de R$ 1.500. É o caso da Tapeçaria Alemão, que opera com cinco unidades em São Paulo (SP), e já ultrapassou a faixa de 100 clientes/mês só para esse tipo de serviço.
Uma boa tapeçaria automotiva deve possuir moldes dos mais variados tipos. Este funcionário da Domini Couros, por exemplo, está cortando as faixas para revestir um Peugeot 207.
Serviços também podem incluir alguns "mimos", como costura dupla com linhas vermelhas e bordados com os logotipos do modelo ou marca.
Para revestir os assentos, é preciso retirá-los do carro e fazer o acabamento a mão.
"A procura vem aumentando. Antes, era só carro de luxo, mas hoje a procura é para todos os tipos de modelo", aponta a gerente da Alemão, Ana Cristina Ribeiro. De acordo com a empresa, os carros populares já representam 36% da clientela, e o índice vem crescendo ano a ano.
As vantagens do couro são várias: o material é mais confortável, fácil de limpar, deixa o interior elegante, é mais resistente e difícil de manchar. Em contrapartida, demanda mais tempo para manutenção, oscila muito com o clima (sob o sol, esquenta muito mais rápido; no frio, também gela com mais facilidade) e pode gerar um atrito incômodo em contato direto com a pele.
ANTI-ESPIRROS
Há outro fator pró-couro: como são mais permeáveis e difíceis de higienizar, os assentos de tecido são mais propensos a virar "depósitos" de poeira e ácaros. Para quem sofre de alergias respiratórias, pode ser uma bomba. Nesse caso, a fácil limpeza do couro facilita a vida.
"Passar um paninho úmido diariamente já é o ideal", explica a diretora da Clínica de Alergia de São Paulo, Yara Mello. É claro que também dá para manter um banco de tecido bem higienizado, mas para isso será preciso fazer uso periódico de produtos acaricidas.
Por isso, os clientes alérgicos que procuram o estofamento em couro na Tapeçaria Alemão já são 20% do total. Entre essas pessoas está a analista financeira Suzana Rodrigues, 30 anos, que sofre de rinite desde a infância e, em julho do ano passado, pagou R$ 2.000 para revestir todos os assentos de seu Peugeot 206, ano 2008, com couro 100% natural.
"Minha médica pediu para eu trocar tudo o que podia juntar ácaro", conta. Recentemente, Suzana teve um filho e, para manter o padrão de higienização de seu carro, gastou mais R$ 350 em uma cadeirinha de bebê totalmente revestida em couro no banco de trás.
A analista financeira Suzana Rodrigues sofre de rinite alérgica e, para evitar as crises, pagou R$ 2.000 para trocar os bancos de tecido pelos de couro em seu Peugeot 206
COMO CONSERVAR
Ser mais fácil de higienizar não significa que o couro ficará limpo sozinho. Por isso, se quiser revestir o interior de seu automóvel com esse material, é preciso estar ciente de que a conservação dá trabalho, e que é fundamental para prolongar a durabilidade da capa.
"Tenho clientes que colocaram couro há mais de 10 anos e ele ainda se encontra em perfeito estado. Outros já o detonaram em apenas dois anos", relata Ana Cristina.
Além do pano úmido -- que, nos casos de pessoas sem alergia, pode ser aplicado semanalmente --, é preciso fazer a hidratação a cada seis meses, sempre com produtos à base de água. "Estamos falando de uma pele de animal, então é como a nossa pele", alerta Nei Domini, proprietário da Domini Couros, também de São Paulo.
Em sua loja, um kit com hidratante e pasta de glicerina sai por R$ 80. Se o dono do automóvel preferir que o serviço seja feito no próprio estabelecimento, vai gastar R$ 190. E nem pense em usar produtos derivados do petróleo: eles ressecam as fibras do couro e o deixam mais propenso a fissuras.
Nei Domini, da Domini Couros, exibe um rolo de 30 m² de curvim, que comprou por R$ 500, ao lado de uma peça de 4 m² de couro natural, que saiu por R$ 150. Por isso, enquanto o revestimento 100% natural não fica menos de R$ 1.500, o mesclado sai por R$ 1.200 e o totalmente sintético, por menos de R$ 1.000.
PARECE, MAS NÃO É
Funciona assim em modelos como Fiat Bravo e Punto, Ford Focus, Fusion e EcoSport, Volkswagen Fox Highline e Novo Golf. Em outros, a composição já é totalmente sintética, caso de Chevrolet Cruze e Sonic, e versões dos Volkswagen Gol, Voyage, Fox e up! (imagem abaixo).
Os vendedores independentes garantem que, se bem cuidado, o curvim pode durar quase tanto quanto o couro legítimo, com a vantagem de não precisar de hidratação. Já os donos de curtume respondem que esses materiais jamais apresentarão a mesma qualidade e vida útil do natural.
Volkswagen up! tem assentos de couro sintético em suas versões de topo
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.