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Melhor mês de produção aponta saída da crise dos semicondutores

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

08/08/2022 09h43

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Saíram das linhas montagem, em julho, 218 mil 950 automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus, o maior volume produzido em um mês desde novembro de 2020, segundo dados divulgados pela Anfavea na sexta-feira, 5. O volume superou em 7,5% a produção de junho e em 33,4% o resultado de julho do ano passado, quando a crise dos semicondutores já afetava as fábricas brasileiras.

O desempenho animou o setor e o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite. Ainda mais porque, na comparação dos acumulados de janeiro a julho de 2021 com 2022, chegou-se a um empate técnico após meses de números negativos para o ano atual. Foram entregues 1 milhão 310 mil veículos, 3 mil a menos do que nos primeiros sete meses do ano passado.

"É uma indicação de que o pior já passou, de que começamos a sair dessa crise de abastecimento global. Acreditamos que exista no segundo semestre uma maior disponibilidade de semicondutores e o crescimento sobre 2021 seja maior mês a mês."

As projeções da Anfavea, revisadas no mês passado, indicam crescimento de 4,1% na produção sobre o volume de 2021, somando 2 milhões 340 mil veículos.

Segundo o presidente a recuperação depende majoritariamente da resolução da questão do abastecimento de semicondutores. "Há aumento na oferta de semicondutores, com inauguração de fábricas novas. E tivemos também a normalização do porto de Xangai, na China, que está ocorrendo em velocidade mais acelerada do que imaginávamos".

Vendas - Os negócios conhecidos como vendas diretas impulsionaram o resultado de julho, quando 182 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus foram licenciados no mercado brasileiro, alta de 3,7% sobre igual mês do ano passado e de 2,2% sobre junho. Segundo a Anfavea elas representaram 50% do total de emplacamentos de veículos leves, contra uma média de 42% no acumulado do ano.

"Notamos esse crescimento nas vendas diretas", disse o presidente Márcio de Lima Leite. "Nessa modalidade a dependência de crédito para financiamento é menor. Vamos procurar entender melhor nos próximos meses como o mercado vai se comportar".

Lima disse que os juros na casa dos 30% ao ano para financiamento de veículos por pessoas físicas estão afastando a classe média do mercado. Junto com a maior rigidez dos bancos na hora de liberar o crédito a participação nas compras à vista chegou a 65% de janeiro a junho, enquanto as financiadas responderam pelos outros 35%. Em 2021 as vendas a prazo representaram 80% do total comercializado.

A boa notícia para o presidente foi a média diária de 8,7 mil unidades/dia em 21 dias úteis do mês passado. Segundo ele é um motivo para celebrar, mas a busca segue pelos 9,5 mil emplacamentos diários nos próximos meses:

"A nova redução do IPI deverá trazer impactos positivos, assim como um maior volume disponível do mercado interno por causa da queda nas exportações para a Argentina. Mas o que vai causar impacto, de fato, será a melhora no fornecimento de semicondutores: essa é a grande expectativa que nós temos para o segundo semestre".

No acumulado do ano foram comercializados 1,1 milhão de veículos, recuo de 12% sobre igual período do ano passado. O bom desempenho em junho ajudou a reduzir a retração no ano, que era de 14,5% no primeiro semestre.

* Colaboraram André Barros e Caio Bednarski