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Great Wall: qual será a estratégia de produção da marca chinesa no Brasil

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

27/05/2022 11h00

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Vai atrasar um pouco, coisa de dois meses, o início da produção dos veículos eletrificados Great Wall Motors no Brasil. Os equipamentos que vêm da Europa demorarão mais do que o planejado, reflexo da já longa crise da cadeia de suprimentos. Foi o que revelou à AutoData o diretor Pedro Betancourt durante nosso Seminário Compras Automotivas, nesta semana.

Ele também abriu o jogo a respeito da estratégia da inédita produção local: a ideia é começar com kits SKD, ou parcialmente desmontado dos veículos, buscando fornecedores locais apenas para os pneus, rodas e vidros desses modelos. A montagem final será feita em Iracemápolis, SP, fábrica que a empresa chinesa comprou da Mercedes-Benz.

Em uma segunda etapa o índice de itens nacionais subirá de 10% para 25%, com sistema de exaustão, tanque de combustível, peças do interior, painel e bancos adquiridos de fornecedores locais. A partir daí a importação será via regime CKD, com montagem bruta, pintura e montagem final no Interior paulista.

Na terceira fase a nacionalização chegará aos 50% agregando ao portfólio de componentes brasileiros peças estampadas e carroceria, peças injetadas, para-choques e chicotes elétricos. A importação será feita por IKD, kit veículo incompleto, de três modelos das marcas da GWM.

E, finalmente, na quarta fase o objetivo será localizar sistemas elétricos e trem de força, além de sistema de refrigeração, elevando o índice de nacionalização para mais de 50%. Com isso será possível produzir aqui de três a cinco modelos híbridos e elétricos, além das baterias e da estamparia.

Em março o COO da GWM, Oswaldo Ramos, já havia anunciado o cronograma de lançamentos por aqui: um primeiro modelo, da marca Haval, de SUVs, no último trimestre. No segundo semestre de 2023 Iracemápolis deverá entregar o primeiro Great Wall nacional, com propulsão híbrida - e Ramos disse que pode ser flex, pois há a intenção de desenvolver a tecnologia por aqui.

Além da Haval serão vendidos, e produzidos, veículos da Tank, de SUVs de luxo off-road, e da Poer, a marca de picapes da GWM. A Ora, marca premium elétrica, também pode desembarcar no Brasil, embora inicialmente importada. Iracemápolis será a base de exportação para a América Latina.

Anti-globalização? No Seminário Compras Automotivas o assunto mais debatido foi a necessidade de, diante do contexto atual de crise na cadeia de suprimentos, ampliar a localização de peças e componentes. Mas não, não é um processo anti-globalização.

Adequação. A ideia é manter polos produtivos regionais e não mais depositar todas as fichas em um determinado fornecedor, ou mais de um na mesma região. Aí que está a oportunidade para o Brasil tornar-se o hub da América Latina.

Peugeot avança. O 208 ganha versões com o motor 1.0 Firefly, mais uma união da Fiat com a marca do leão. Partirá de R$ 72,9 mil e deverá acrescentar bastante volume às já crescentes vendas do hatch.

Caoa Chery demite. Diante do impasse com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, que promoveu uma ocupação à fábrica de Jacareí, SP, a Caoa Chery começou a enviar telegramas comunicando a demissão dos metalúrgicos. Não foi o que o TRT havia combinado com ambos.

Na Renault acabou. Os trabalhadores e a empresa entraram em acordo e desde segunda-feira, 23, a produção em São José dos Pinhais, PR, foi retomada.

* Colaboraram André Barros, Caio Bednarski e Soraia Abreu Pedrozo