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Carro elétrico: veja o que deve ser fabricados no Brasil em 2022

Jorge Moraes/UOL
Imagem: Jorge Moraes/UOL

Colunista do UOL

11/02/2022 16h32

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Nos primeiros dias deste 2022 a eletrificação automotiva no Brasil ganhou espaço no noticiário de AutoData. Acompanhamos a chegada da gigante chinesa Great Wall Motors com bilionário investimento para a produção de veículos híbridos e elétricos e, também, a firme intenção de empresas novatas e até ilustres desconhecidas de participarem desses negócios.

É a transformação da indústria automotiva nacional dando os primeiros passos num processo de transição que trará muitas mudanças, não apenas aos produtos mas às próprias empresas que pretendem ter algum protagonismo na eletrificação da mobilidade.

As iniciativas aparecem em praticamente todas os setores da enorme e cada vez mais complexa cadeia automotiva. É o caso da Arrow Mobility, startup nacional que, a partir de instalações em Caxias do Sul (RS, diz que produzirá veículos comerciais elétricos para atender a seu primeiro contrato com a Unidas.

Um lote de cem unidades será feito em Caxias do Sul, mas a startup já participa de rodadas de captação de investimentos para uma nova fábrica. Para dar início à produção em maior escala de produtos como a inédita van, a Arrow One, cujo primeiro protótipo será revelado em maio. Tudo muito rápido, não é?

Nem tanto. Este é apenas o exemplo de mais uma iniciativa que demonstra que a velocidade dos negócios mudou. E nessa nova era automotiva cada vez mais a demanda fomenta empreendedores capazes que rapidamente apresentam ao mercado alternativas às soluções das empresas já estabelecidas no ramo automotivo. Se a Tesla conseguiu, porque outras não podem tentar...

Outra novidade aqui no Brasil esta semana veio da companhia inglesa BAE Systems, que diz estar atrás de parceiro para produzir trem de força híbrido ou elétrico. Originária do setor de defesa, a BAE diversificou seus negócios e há 25 anos uma de suas especialidades é a fabricação de sistemas de propulsão.

À AutoData, o executivo da empresa no Brasil disse que o mercado de 55 mil ônibus na América Latina é uma das razões para injetar recursos e iniciar a produção de powertrain para esses veículos com seu parceiro, que deve ser nomeado até o fim do ano.

Mais uma vez a demanda e as oportunidades para produtos com emissão zero no mercado da mobilidade está atraindo e modificando a forma de fazer negócios. Há espaços para todos, inclusive para serviços de manutenção de veículos elétricos.

A E-Motors, que importa veículos elétricos pequenos, inaugurou sua primeira oficina independente. Por enquanto já fez a manutenção de motocicletas, bicicletas e patinetes elétricos e, também, trabalhou na recuperação e montagem de baterias de lítio.

A experiência animou os empreendedores a levarem adiante o plano de negócios para atender a automóveis e a comerciais leves movidos a eletricidade. Em dois anos espera ter concluído a estruturação de uma oficina com equipamentos específicos para esses veículos. Conta que até lá haverá muito mais clientes precisando de algum reparo em seu veículo eletrificado.

Essas não são iniciativas isoladas tampouco representam o grosso da eletrificação no Brasil. Desde o ano passado os modelos importados têm desembarcado no Brasil e as vendas cresceram 256% no período, segundo a ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico.

Há ainda os pioneiros, como a chinesa BYD, que desde 2015 produz, em Campinas, SP, chassi de ônibus elétrico. A Volkswagen Caminhões e Ônibus, que tem no e-Delivery o primeiro caminhão elétrico desenvolvido e produzido no Brasil. A Mercedes-Benz, que produzirá este ano em São Bernardo do Campo, SP, seu ônibus elétrico nacional. Tem ainda a FNM, outra iniciativa nacional, que também produzirá caminhões elétricos aqui.

E assim vai se formando um parque produtivo voltado em parte para a eletrificação.

* Colaboraram Caio Bednarski, Soraia Abreu Pedrozo e Vicente Alessi, filho