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O que acontece no seu corpo quando você desmaia

Imagem: Arte UOL

Cristina Almeida

Colaboração para VivaBem

06/02/2024 04h05

Para que seu cérebro trabalhe como deve ele precisa do constante suprimento de glicose e oxigênio. O fluxo sanguíneo garante a regularidade da entrega dessas substâncias, mas basta uma mínima interferência nesse processo e você pode desmaiar.

Desmaio é o termo popular para o que os médicos chamam de síncope ou perda aguda da consciência, quadro no qual há perda do tônus postural e recuperação espontânea.

Geralmente trata-se de um sintoma benigno. Porém quando se relaciona a problemas cardiológicos requer pronta intervenção médica, dadas as possíveis complicações.

O desmaio é a causa de cerca de 1% a 3,5% das visitas ao pronto-socorro.

Além disso, representa 6% das admissões nos hospitais. Dados dos EUA.

Qualquer pessoa pode ter uma síncope, mas ela é mais comum entre idosos e jovens.

Como seu organismo reage

O desmaio sinaliza que houve algum desequilíbrio no organismo, cujas principais causas são as seguintes situações:

  • Síndrome vasovagal ou neurocardiogênica
  • Doenças cardiológicas

A pressão cai e você desacelera

Situações como ficar muito tempo em pé ou deitado, permanecer em ambientes lotados e quentes, ter dor intensa, cansaço e estresse extremos provocam alterações no SNC (sistema nervoso central) e periférico.

Tais mudanças têm como consequência a vasodilatação e a desbalanceamento da frequência cardíaca, quadro que os médicos denominam síndrome vasovagal ou neurocardiogênica.

Esta é a causa mais frequente dos desmaios, representando cerca de 50% do total dos eventos.

Todo mundo pode ter esse tipo de desmaio, mas mulheres e jovens integram o "público alvo".

Possui entre seus principais gatilhos a coleta de sangue, dor abdominal, jejum prolongado e calor intenso.

Trata-se de uma condição que geralmente começa com sintomas "premonitórios" (prodômicos) que também sinalizam benignidade: escurecimento da visão, tontura, fraqueza e enjoo —que levam à queda da pressão e do batimento cardíaco e, depois, à perda da consciência.

A recuperação ocorre em alguns minutos.

Nessa categoria benigna também se inserem desmaios associados ao término de uma atividade esportiva intensa, desde que estejam presentes os sintomas acima descritos e não haja conhecimento prévio de doença cardíaca.

A saúde do coração pede socorro

Quando a perda da consciência é súbita, sem sintomas prévios, geralmente o desmaio tem origem em distúrbios cardiológicos, um sinal de malignidade, ou seja, trata-se de uma situação mais grave.

Os indivíduos mais suscetíveis são os idosos com doenças cardiológicas e outras enfermidades.

Os quadros mais comuns são arritmias ventriculares e bloqueios atrioventriculares.

No primeiro caso o problema envolve as partes mais inferiores do coração, cujas contrações se dão de forma anárquica e veloz, levando ao desmaio ou à morte súbita.

Já os bloqueios promovem a perda de comunicação entre a parte inferior e superior do coração, o que evolui para uma frequência cardíaca baixa.

Em ambos os quadros, há risco de vida.

Saiba diferenciar desmaio de convulsão

Imagem: iStock

Embora nas duas situações a perda de consciência esteja presente, o que diferencia uma coisa da outra é que, nos distúrbios convulsivos, como a epilepsia, podem estar presentes outras manifestações. Veja alguns exemplos:

Espasmos (contração e enrijecimento do corpo)

Tempo prolongado de inconsciência

Incontinência urinária ou intestinal

Mordedura na língua e demonstração de confusão após o reganho da consciência

Estado de ausência (por vezes, não há o desmaio propriamente dito, mas a pessoa parece ter sido desligada por alguns instantes)

Dá para prevenir?

A presença de algumas condições médicas faz com que determinadas pessoas sejam presas fáceis do desmaio. Manter tais enfermidades sob controle reduz o risco de ser surpreendido por um episódio. Confira:

Problemas no coração

Diabetes

Ansiedade ou transtorno do pânico

Desidratação

Baixos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia)

Uso de determinados medicamentos (como, por exemplo, diuréticos, anti-hipertensivos, etc.)

Pessoas que já tiveram um desmaio em locais cheios ou durante a exposição ao sol devem evitar, quando possível, esses fatores desencadeantes.

Atividades físicas intensas devem ser praticadas em boas condições de hidratação. Evite interromper essas práticas de repente. O melhor é reduzir gradativamente a intensidade do treino ou da atividade esportiva antes de parar.

Desmaio é motivo para marcar consulta?

Sim. Todo desmaio deve ter sua causa investigada. Em geral, trata-se de uma circunstância passageira, sem maiores consequências. No entanto, a síncope pode ser o primeiro sintoma de uma enfermidade que requer tratamento e controle.

Considere que entre as consequências de um desmaio se destacam a queda, que pode levar a uma fratura, outro tipo de lesão ou situações mais graves nos casos em que o evento acontece enquanto se está dirigindo.

Dicas de socorro

O desmaio deve ser prontamente atendido, inclusive quando ocorre em via pública. Para esse fim, coloque em prática as seguintes medidas:

Certifique-se que você e a pessoa estejam em segurança

Tente ficar calmo e aproxime-se. Se houver tempo de amparar a pessoa para que ela não caia, melhor

Mantenha-a na posição deitada (se já estiver desmaiada) ou deite-a, caso ela relate estar se sentindo mal

Verifique se ela está respirando. Em caso positivo, você pode posicionar as pernas da pessoa acima do corpo para melhorar o fluxo sanguíneo

Posicione-a na posição de lado. Quando ela retomar os sentidos, pergunte o horário da última refeição e, se for o caso, ofereça um copo de água com açúcar

Oriente a pessoa a permanecer sentada por alguns minutos, e só depois permita que ela se levante

Evite jogar água, esfregar os punhos com álcool, sacudir ou colocar algo na boca da pessoa

Nos quadros mais graves, nos quais se observe que a pessoa tem dificuldade para respirar ou não está respirando, a reanimação cardiorrespiratória é indicada. Chame o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) imediatamente.

Fontes: Alex Teixeira Guabiru, cardiologista do Hupes/UFBA (Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia), que integra a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), professor da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) e coordenador do Serviço de Arritmia do Hospital da Bahia - rede Dasa e Hospital Incar; Julio Cesar Garcia de Alencar, médico emergencista, doutor em ciências pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e professor do curso de Medicina da FOB-USP (Faculdade de Odontologia de Bauru da USP); e Vitor Tumas, professor de neurologia da FMRP-USP e coordenador do Setor de Distúrbios do Movimento e Neurologia Comportamental do Hospital das Clínicas da mesma instituição. Revisão médica: Alex Teixeira Guabiru.

Referências:

SUS-SAMU (Departamento de Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)

Grossman SA, Badireddy M. Syncope. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK442006/

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