Grávidas com dengue têm risco cinco vezes maior de sintomas graves
Um estudo da UFPR (Universidade Federal do Paraná) mostrou que mulheres grávidas diagnosticas com dengue têm um risco cinco vezes maior de desenvolver a forma grave da doença do que as não grávidas.
A pesquisa avaliou mais de 27 mil casos de dengue em mulheres notificados pelo Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), do Ministério da Saúde. Os dados coletados eram de 2016 e 2019.
No total, 74% das mulheres estavam em idade reprodutiva, ou seja, tinham entre 10 a 49 anos. Dessas, 949 estavam grávidas.
Resultados do estudo
O risco de desenvolver dengue grave foi 5,4 vezes maior em grávidas, enquanto o risco de hospitalização foi 2,93 maior.
O risco de hospitalização foi cerca de 3 vezes maior em grávidas do que em não grávidas.
Das não grávidas, 6,8% foram hospitalizadas, 1,8% teve dengue com sinais de alarme, de gravidade intermediária, e 0,1%, dengue grave.
Há explicação?
Risco maior ainda não está claro, mas tem relação com mudanças durante a gravidez. O estudo sugere que as mudanças anatômicas e fisiológicas da gravidez —como a hipervolemia (o sangue ganha sobrecarga líquida para nutrir o feto e se preparar para a perda de sangue no parto) e a trombocitopenia (queda no número de plaquetas, que são elementos do sangue ligados à coagulação)— influenciam no desenvolvimento da dengue de uma forma que ainda não está clara.
O papel dessas modificações durante a infecção por dengue não está claro. No entanto, sua presença pode dificultar tanto a avaliação do quadro clínico da dengue quanto a identificação de sinais e sintomas de alerta e gravidade, sobrepondo ou mesmo compensando as alterações fisiológicas da gravidez. Trecho do estudo, publicado na revista científica BMC Infectious Diseases.
A pesquisa foi conduzida pela médica infectologista Beatris Martin durante o mestrado em saúde pública na UFPR, sob orientação da professora Silvia Shimakura, do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva.
Quais são os sintomas da dengue?
A dengue é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. O primeiro sintoma geralmente é a febre alta, acima de 38º C, que costuma vir acompanhada de muita dor muscular e dor intensa atrás dos olhos. Mas algumas pessoas podem evoluir para a fase mais grave da doença, que é marcada por desmaios e sangramentos.
Para a autora do estudo, a pesquisa reforça a importância de identificar sinais precoces de sangramento em grávidas diagnosticadas com dengue, além de facilitar a internação e o tratamento adequado dessas mulheres.
Para evitar a dengue durante a gravidez, a recomendação é usar repelentes adequados para mulheres grávidas. A preferência é pelos produtos à base de DEET. Em períodos de chuva, quando há aumento nos casos do mosquito, também vale colocar telas de proteção em janelas e portas.
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