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Calendário de vacinação no Brasil funciona sob pressão, diz conselho de SP

Imagem: Getty Images

Nathan Lopes

Do VivaBem, em São Paulo

13/07/2021 04h00

Apesar de ainda estar em análise pelo Ministério da Saúde, o anúncio feito pelo governo de São Paulo da inclusão de adolescentes no calendário de vacinação contra a covid-19 no estado é defendida pelo presidente do Cosems-SP (Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo), Geraldo Reple Sobrinho.

Para Sobrinho, a presença de pessoas entre 12 e 17 anos no cronograma paulista pode servir como pressão para que o Ministério da Saúde analise a questão mais rapidamente.

Em entrevista ao UOL, o chefe do conselho, que também é secretário de Saúde de São Bernardo do Campo, avalia que avanços no PNI (Plano Nacional de Imunização) têm acontecido lentamente. Além do governo paulista, a Prefeitura do Rio de Janeiro também já tem previsão em seu cronograma para vacinar adolescentes contra o novo coronavírus.

Como exemplo de pressão, o presidente do Cosems-SP cita o início da vacinação no país. "Se você relembrar, nosso ex-ministro [Eduardo Pazuello] anunciava que teríamos vacina a partir de março." Ao mesmo tempo, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que usa a CoronaVac como bandeira política, falava em dezembro e janeiro. "E vacinou", disse Sobrinho, lembrando do início da vacinação em 17 de janeiro, o que gerou uma corrida do governo federal para levar doses para todo o país a partir do dia seguinte.

"Se não tivesse acontecido isso, nós ainda estaríamos discutindo essa campanha. Pode ter certeza. Não estaríamos onde estamos hoje", afirma o presidente do Cosems-SP.

Essa briga [para vacinar adolescentes primeiro], que tanto o governador de São Paulo como o prefeito do Rio [Eduardo Paes, PSD] compraram, foi muito boa. Porque tirou as pessoas da zona de conforto"
Geraldo Reple Sobrinho, presidente do Cosems-SP

Em nota, o Ministério da Saúde disse que "a ampliação da vacinação para adolescentes a partir dos 12 anos está em discussão na Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis". Em razão de o tema ainda não ter chegado a uma conclusão para o PNI, o anúncio neste momento da vacinação em adolescentes foi criticado pela SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

"O ideal"

Sobrinho concorda que "o correto, o ideal, seria aguardar o PNI". Mas diz que São Paulo, ao realizar o anúncio, "não está fazendo nada errado" porque o Brasil já tem um imunizante aprovado para uso em adolescentes: o da Pfizer. "São Paulo não está fazendo nada que a Anvisa não tenha autorizado. A Anvisa já autorizou a vacina da Pfizer", diz. "O que nós temos que esperar é o PNI se manifestar sobre isso."

O PNI é um norteador. E está todo mundo tentando seguir o PNI. O único problema é que acho que as decisões do PNI deveriam ser mais rápidas. E elas acabam demorando demais"
Geraldo Reple Sobrinho

Um outro exemplo citado é sobre a flexibilização da fila da vacina, que era uma demanda de longo tempo de estados e municípios. Ela foi aprovada pelo Ministério da Saúde no final de maio, permitindo que o país começasse a imunizar as pessoas por faixa etária de 59 a 18 anos de idade.

Após essa modificação no PNI, a vacinação no Brasil começou a acelerar e a bater recordes de aplicação, como aconteceu em junho, com mais de 2,2 milhões de doses aplicadas em um dia —na última quarta-feira (7), houve o registro da aplicação de 3,3 milhões, mas parte dos dados estava represada.

O presidente do Cosems-SP reforça que os adolescentes devem começar a ser imunizados apenas depois de as pessoas com 18 anos de idade já terem recebido a primeira dose, "que é o grande grupo que nós queremos vacinar, até para reduzir a circulação do vírus". "Sou favorável a essa extensão para essa idade [de adolescentes] desde que tenhamos vacina [em quantidade suficiente]", diz. Os adultos devem ser vacinados com primeira dose em São Paulo até 20 de agosto e os adolescentes, em tese, começam a receber a imunização três dias depois.

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