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Modelos acusam estilista de assédio: "Pegou no meu pênis em sessão de foto"

Peças do Brechó Replay - Reprodução/Facebook
Peças do Brechó Replay Imagem: Reprodução/Facebook

Natália Eiras

De Universa

15/01/2020 17h04Atualizada em 16/01/2020 12h43

Desde terça-feira, modelos e pessoas do mercado de moda estão usando o Twitter para relatar uma série de abusos e assédios que teriam sido cometidos pelo estilista Eduardo Costa, criador do Brechó Replay, coletivo de moda de reuso que já desfilou na Casa de Criadores. O bailarino Fernando e o modelo Marcelo, nomes fictícios usados pela reportagem, foram alguns dos profissionais que dizem ter sido assediados durante eventos da marca.

"Em uma sessão de fotos, ele disse que queria que o volume da minha cueca fosse diferente. Ele, então, colocou a mão dentro da minha cueca e mexeu no meu pênis. Para 'arrumar' para as fotos", conta Marcelo, 30, em entrevista para Universa.

Além do toque indesejado, Marcelo também afirma ter sido "encoxado" por Eduardo. "Estava na cozinha pegando água e ele passou atrás de mim, se esfregando. Não era necessário, porque havia espaço para ele passar, mas achei que tinha sido sem querer. Porém, aconteceu novamente de ele passar roçando em mim, só que ele soltou um: 'ai que delícia', em tom de brincadeira. Foi quando percebi que tinha algo de muito errado." Marcelo, que, na época, tinha 25 anos, conta que ficou traumatizado com a maneira pela qual foi tratado pelo criador do Brechó Replay.

"Achei que todos os trabalhos de moda seriam assim, comecei a ter muita crise com o meu corpo", afirma. Ele voltou a modelar há poucos anos, quando conheceu o atual marido. "Percebi que o Eduardo era quem estava errado quando trabalhei com fotógrafos realmente profissionais, que pediram permissão para me tocar e que não faziam esse tipo de 'brincadeira'."

Histórias como a de Marcelo vieram à tona após o bailarino Fernando contar, no Twitter, que tinha 15 anos quando participou de uma sessão de fotos da marca. Ele nunca tinha feito fotos profissionais, era apenas "famosinho no Instagram". De acordo com relato no Twitter, Eduardo Costa teria assediado modelos, em sua maioria menores de idade. "Ele vinha nos vestir e sentíamos que o toque dele não era inocente. Era um esbarrar de mão maldoso, na nossa bunda, nas nossas coxas, no nosso pênis. Era incômodo."

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Imagem: Reprodução/Twitter

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Imagem: Reprodução

Os dois acusadores também relatam comportamento inadequado. "Ele nos chamava para irmos até a casa dele e nos atendia de cueca. Pedia para os modelos menores de idade ficarem só de shortinho e empinar a bunda para as fotos."

Ainda assim, Fernando achou que essa era a maneira pela qual as coisas funcionavam no mundo da moda e ficou próximo dos amigos de Eduardo, quando percebeu investidas cada vez mais insistentes. "Um dia, na casa dele, ele me chamou para ir ao banheiro com ele, mas neguei. Aí ele subiu no meu colo e ficou tentando me agarrar. Me prendeu na parede só de cueca. Eu era menor de idade, não entendia o quão errado era aquilo", conta ele para a reportagem. "Saí da casa dele e nunca mais fui chamado para fazer fotos."

Questionados sobre porque não trouxeram o caso à tona na época, há cerca de cinco anos, eles dizem que tiveram medo de prejudicar o coletivo Brechó Replay. "Tem muito artista legal e bom nele, uma pena que a pior parte do coletivo é exatamente o criador", diz Marcelo.

Fernando, por sua vez, relata que demorou a entender que o incômodo que sentiu não era algo que deveria acontecer. "Na época, não tinha noção do que era assédio, abuso. Percebi o que tinha acontecido quando comecei a falar com outras pessoas que haviam trabalhado com ele, que haviam passado pelas mesmas coisas."

Fora das redes sociais

Horas depois dos relatos ganharem repercussão, o estilista Eduardo Costa apagou seus perfis nas redes sociais. O site e a conta no Instagram do Brechó Replay também estão indisponíveis. Universa tentou entrar em contato com o criador do coletivo, mas não teve retorno.

A Casa de Criadores, evento em que o Brechó Replay desfilou, usou o Twitter para soltar um comunicado sobre os relatos. "Jamais tivemos conhecimento sobre um possível comportamento abusivo de Eduardo Costa", diz o texto oficial. "Se tivéssemos conhecimento, teríamos tirado a marca do line-up do evento. Acreditamos que os fatos aqui descritos são muito graves e nunca seremos coniventes com qualquer tipo de assédio."