Expectativa de vida nos EUA piorou para 4% dos homens e 19% das mulheres
Por conta disso, os resultados de um novo estudo, feito no mais rico dos países, são, no mínimo, surpreendentes. De acordo com a pesquisa, conduzida por cientistas de diversas instituições dos Estados Unidos, a expectativa de vida tem piorado para boa parte da população do país.
Entre 1960 e 2000, a expectativa aumentou sete anos para homens e seis anos para mulheres, na média. Mas 4% da população masculina e alarmantes 19% da feminina experimentaram, nesse item, declínio ou, no melhor dos cenários, estagnação.
As regiões com as maiores quedas foram as do sul do país, especialmente ao longo do rio Mississipi, e nos Apalaches, chegando à porção mais ao sul do meio-oeste e até o Texas.
O estudo, publicado na PLoS Medicine, destaca que a taxa de mortalidade entre mulheres aumentou consideravelmente devido a doenças crônicas relacionadas ao fumo, pressão alta ou obesidade, que, antes da década de 1960, atingiam bem menos a população feminina.
"As políticas de saúde dos Estados Unidos sempre consideraram as desigualdades toleráveis, desde que a saúde geral da população estivesse melhorando. Mas agora há evidências de que a saúde de grandes partes da população no país tem piorado por cerca de duas décadas", disse Majid Ezzati, professor da Escola Harvard de Saúde Pública e principal autor da pesquisa.
Os pesquisadores analisaram dados sobre mortalidade do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde e dados censitários. O estudo é o primeiro a analisar tendências na mortalidade em condados do país por um período longo de tempo.
Os resultados indicaram que a partir de 1980 a expectativa de vida continuou aumentando nos condados com maior renda, mas o mesmo parou de ocorrer nos de menor.
Como resultado, enquanto em 1983 os homens dos condados mais ricos viviam em média nove anos a mais do que os homens dos condados mais pobres, em 1999 a diferença havia aumentado para 11 anos. Para as mulheres, a diferença subiu de 6,7 anos para 7,5 anos.
"Declínio na expectativa de vida é algo que tradicionalmente tem sido considerado um sinal de que os sistemas sociais e de saúde falharam, como ocorre em partes da África e do leste europeu. O fato de que isso também está ocorrendo para um grande número de norte-americanos deve ser encarado como um sinal de que o sistema de saúde dos Estados Unidos precisa ser seriamente repensado", afirmou Christopher Murray, diretor do Instituto de Métricas e Avaliações de Saúde da Universidade de Washington, e outro autor do estudo.
Os autores também analisaram dados de mortes causadas por diferentes doenças e identificaram que a estagnação ou piora na mortalidade ocorreram principalmente como resultado de um aumento em diabetes, cânceres e doenças pulmonares e cardiovasculares. O aumento de casos de aids e homicídios foi considerado importante entre os homens, mas não entre as mulheres.