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Missão Dart: Telescópio James Webb também registrou impacto em asteroide

dimorphos james webb dart - Nasa/JWST
dimorphos james webb dart Imagem: Nasa/JWST

Marcella Duarte

De Tilt, em São Paulo

28/09/2022 13h15

Na noite de segunda-feira (26), todos nossos olhos estavam no espaço, para presenciar o momento em que a missão Dart (Double Asteroid Redirect Mission) colidiu com o asteroide Dimorphos. O impacto foi registrado por uma câmera a bordo da nave, por um satélite italiano, por observatórios em Terra e, como não poderia deixar de ser, pelo Telescópio Espacial James Webb.

As imagens disponibilizadas ainda são brutas, mas reforçam a dimensão da colisão, que gerou muita energia e uma grande nuvem de detritos. É provável que, nos próximos dias ou semanas, a Nasa divulgue as fotos com tratamento, mais nítidas e impressionantes.

Por sua distância, o James Webb não consegue captar detalhes da superfície do asteroide — isso só foi possível pela câmera Draco, a bordo da nave Dart, e pelo satélite LICIACube, que assistiu a colisão a apenas 55km.

Lembrando que o telescópio espacial não foi projetado para observar este tipo de corpo, mas sim enormes galáxias e estrelas. Dimorphos tem 163 metros de largura e Didymos (o asteroide maior que ele orbita como uma lua) tem 780m — muito pequenos para seus poderes infravermelhos. O projeto brasileiro Céu Profundo montou um vídeo em time lapse usando as imagens do James Webb:

Dá para ver o movimento da nuvem de poeira e voláteis ejetados pelo asteroide, e possivelmente alguns materiais da nave espacial.

O ponto preto no centro não é a nave, mas uma falha nos registros, devido ao extremo brilho emitido na explosão, que "cegou" o sensor do James Webb em seu centro mais saturado. A foto no topo deste texto também apresenta ruídos: a "trilha" machada se deve, provavelmente, ao rastreamento do foco (o telescópio é projetado para acompanhar objetos muito mais lentos), e não à aproximação de Dart.

As imagens foram capturadas pelo instrumento NIRCam (Near Infrared Camera, ou "câmera de infravermelho próximo").

Defesa planetária

A histórica missão Dart, da Nasa, é nosso primeiro teste de defesa planetária, para ver se conseguiríamos, com esta técnica, desviar um possível asteroide que estivesse perigosamente em direção à Terra. O objetivo não era destruir a rocha espacial, mas empurrá-la para mais longe, como em um jogo de bilhar cósmico.

Nós acompanhamos tudo a vivo, com imagens dramáticas do espaço até o último segundo antes do impacto, feitas pela câmera Draco (Didymos Reconnaissance and Asteroid Camera for Optical Navigation) — que estava a bordo da nave e também foi destruída. Pudemos ver a superfície do asteroide, com suas rochas e texturas, em impressionantes detalhes.

Assista à aproximação aqui:

A superfície do oval Dimorphos, coberta de pedregulhos, parece semelhante à de Bennu e Ryugu, dois outros asteroides visitados por naves espaciais nos últimos anos. Cientistas suspeitam que ele seja uma "pilha de escombros", com rochas frouxamente ligadas. Estima-se que a cratera deixada por Dart tenha entre 10 e 20 metros de largura — destroços da nave podem estar lá.

A colisão aconteceu precisamente às 20h14, a uma velocidade de mais de 22.000 km/h e a mais de 11 milhões de quilômetros d e distância da Terra, com uma margem de erro de apenas 17 metros em relação ao centro calculado do alvo. Um sucesso. Mesmo com tamanha precisão, ainda levaremos semanas ou meses de observações para sabermos se realmente teve os resultados esperados na alteração da órbita do asteroide.