Topo

50 dias depois, 5G ainda não é garantia em SP: 'oscila muito para o 4G'

Andrea Piacquadio/Pexels
Imagem: Andrea Piacquadio/Pexels

Marcos Stefano

Colaboração para Tilt

22/09/2022 04h00

São Paulo foi a quinta capital brasileira a ativar o 5G, em 4 de agosto, com a expectativa de trazer mais velocidade e estabilidade de conexão na transmissão de dados. Passados 50 dias, o veredito do paulistano parece ambíguo: ainda há regiões sem cobertura, nem todos têm celular para aproveitar a novidade e, quem tem, ainda percebe a rede "regredindo" para o 4G.

"Ainda tem sido difícil encontrar o 5G de verdade, mas quando encontrei, fiquei impressionado", afirma o advogado e youtuber William Carvalho, 24 anos, mostrando um teste feito ainda em agosto, na Avenida Radial Leste, próximo ao metrô Carrão, em que a taxa de transferência chegou a quase 700 Mbps.

Ele é morador de São Caetano, na Grande São Paulo, e diz que ainda percebe muita oscilação para o 4G quando está na capital. O lugar onde mais consegue aproveitar é no centro histórico. "Trabalho com vídeos e, no 5G, eles carregam com rapidez muito maior", completa.

Em Itaquera, na Zona Leste da cidade, a profissional de multimídia Fernanda Nascimento, 40, quase não encontra o sinal da nova geração. "O 5G ainda não pega direito e é muito instável. A maioria das vezes fica no 4G mesmo", diz. Para ela, não houve muita diferença na velocidade em seu uso e no trabalho.

Antenas pela cidade

Quando a tecnologia entrou em uso, São Paulo contava com 1.378 antenas de 5G. De acordo com as operadoras, esse número vem crescendo periodicamente. O sinal pega melhor no centro histórico, na região da Avenida Paulista e no Itaim Bibi, onde a concentração de antenas é maior, segundo a Anatel.

Entretanto, mesmo essas regiões ainda não estão estabilizadas. "O sinal pega bem aqui e está presente em quase todos os lugares para onde vou. Mas alguns pontos, desaparece e entra outro no lugar", afirma o cientista da computação Alexandre Suguiyama Rovai, 40, do Sumaré, bairro onde mora e trabalha em home office.

Ele se refere não apenas ao 4G mas também à tecnologia 5G DSS, intermediária entre o 4G e o 5G. Ela usa faixas de frequências do 4G para oferecer internet mais rápida, comercialmente chamada por uns de 4,5G e por outros de 4G+.

Na verdade, a maior parte da rede 5G em uso na cidade ainda depende do núcleo da rede de 4G. É a chamada 5G Non Standalone (NSA). Apesar de oferecer alta velocidade, ainda não apresenta outra característica do 5G "puro": a baixa latência (tempo de resposta entre um comando e sua execução no sistema).

Em compasso de espera

No bairro do Jabaquara, na Zona Sul, o professor de artes visuais e artista-educador Telmo Rocha, 48, diz que quer muito utilizar o 5G "para downloads, assistir filmes e vídeos e para meus diversos trabalhos". Mas também não tem tido muita sorte.

"Estou experimentando. Há um ganho sensível com o 5G, não tenho dúvidas. Mas como não pega em todos os lugares, mesmo na minha região, ainda espero a expansão para melhorar essa experiência", conta.

Essa imprevisibilidade desencoraja a aquisição de um novo celular compatível com o 5G. Todos os entrevistados por Tilt concordam: se este é o objetivo, ainda não é o melhor momento trocar de aparelho. "Eu ainda esperaria. Daqui um tempo, o sinal se expandirá e estabilizará mais", diz Carvalho.

Operadoras explicam

Consultada por Tilt, a operadora TIM alega que tem recebido "feedback positivo", com registro de "taxas médias de transferência em 400 Mbps e picos superiores a 1 Gbps", segundo sua asessoria.

A empresa informa ainda que já oferece sinal em todos os bairros da cidade, cobrindo uma área 7 vezes maior do que a exigência mínima da Anatel. Como resultado, 10% do total de tráfego de dados de seus clientes na cidade já ocorre em 5G.

A Vivo ressalta que, desde o lançamento de seu sinal em 54 bairros, mais três já foram adicionados. Mas há entraves para crescer esta cobertura.

"Assim como ocorreu nas gerações anteriores, a expansão da rede 5G para outras regiões, em alguns casos dentro de um mesmo bairro, é gradual e evolui de acordo com capacidades técnicas, demanda e autorizações municipais para instalações de antenas", afirmou a operadora, por meio de sua assessoria de imprensa.

A Claro também acrescentou 10 bairros à sua cobertura inicial e afirma que o trabalho de expansão deve continuar pelos próximos meses. "A operadora já possui cerca de 2,6 milhões de smartphones compatíveis na rede", afirma nota enviada à reportagem.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Na publicação original, Itaim Paulista foi listada como uma das áreas de maior cobertura. O correto é Itaim Bibi.