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É infarto? Exame feito com Apple Watch tem a resposta que o médico precisa

 Luke Chesser/ Unsplash
Imagem: Luke Chesser/ Unsplash

João Paulo Carvalho

Colaboração para Tilt, em Madri

27/01/2020 04h00

Diagnosticar um infarto ou controlar os batimentos cardíacos de uma pessoa utilizando apenas um relógio de pulso pode ser um método simples e prático capaz de salvar muitas vidas. O cardiologista espanhol Miguel Ángel Cobos descobriu recentemente que os chamados smartwatches (relógios inteligentes) da Apple, das séries 4 e 5, são capazes de fazer eletrocardiogramas completos com um alto nível de similaridade ao dos exames realizados nos hospitais.

A descoberta surgiu por acaso, quando Cobos brincava com o relógio que havia dado de presente de Natal à mulher. O aparelho possui um sensor de ritmo cardíaco que permite medir a frequência do coração, detectando assim possíveis problemas. Na época, o médico resolveu fazer alguns testes. "É possível obter todas as derivações do coração e até mesmo algumas informações mais precisas sobre as zonas comprometidas do órgão", diz Cobos, que integra o departamento de cardiologia do Hospital Clínico San Carlos, um dos mais renomados de Madri.

Cobos, que afirma não ter nenhuma relação comercial com a Apple, explica que o método para medir as frequências cardíacas é feito em três etapas: primeiro se coloca o relógio no pulso esquerdo e depois na perna para calcular as variações das extremidades do corpo. Por último, o objeto deve ser posto no tórax, medindo assim os batimentos por segundo.

O médico comparou as medições extraídas com o relógio da Apple e o eletrocardiograma convencional dos centros de saúde. Os exames foram feitos em pacientes que apresentavam problemas cardíacos e outros que não tinham nenhuma enfermidade. Segundo ele, os resultados por intermédio dos dois métodos foram basicamente os mesmos. "O relógio se converteu, portanto, em algo extremamente válido para atender a uma emergência cardiológica. Basta conhecer o procedimento correto", afirma.

Um artigo relatando os feitos de Cobos foi publicado na revista científica norte-americana Annals of Internal Medicine. Os resultados da pesquisa foram apresentados pelo diretor municipal de saúde de Madri, Enrique Ruiz Escudero. "Tenho mais de vinte anos de experiência em cardiologia. Já vi muitas mortes serem evitadas por questão de segundos. O relógio será um grande avanço para a saúde e a ciência", diz Escudero.

O eletrocardiograma realizado com o relógio inteligente evitaria filas e aglomerações nos hospitais, já que o procedimento poderia ser feito previamente por qualquer pessoa. "A ideia é que o smartwatch também seja utilizado para fazer o monitoramento de pacientes que possuem algum problema cardíaco já diagnosticado previamente, evitando assim que eles se desloquem até o hospital", acrescenta Escudero.

Diante de uma possibilidade de infarto, o método também traria agilidade no atendimento com o eletrocardiograma em mãos. Desta maneira, um tempo precioso poderia ser poupado e, consequentemente, o tratamento mais adequado aplicado de forma imediata ao paciente.

Segundo Escudero, é possível que a realização de eletrocardiogramas também funcione com outros modelos recentes de smartwatch de outras marcas. Os testes, entretanto, foram feitos apenas com os modelos 4 e 5 da Apple.

Estima-se que haja 15 milhões de Apple Watches em todo o mundo, de acordo com informações de Cobos. A Apple não divulga os números oficiais de suas vendas. O relógio da série 5 custa cerca de R$ 4.000 no site oficial da empresa.

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