Essa é nova! App permitiu espionar localização de pessoas pelo email
Bruno Madrid
do UOL, em São Paulo
04/07/2019 12h25Atualizada em 04/07/2019 14h14
O app Superhuman, serviço de e-mails pago nos EUA, anunciou que vai desativar o rastreamento de localização imediatamente de sua plataforma e pediu desculpa aos usuários.
A decisão vem após o ex-presidente de design do Twitter, Mike Davidson, publicar detalhes sobre pixels de rastreamento ocultos dentro dos e-mails gerenciados pelo app. O portal The Verge também mostrou, em reportagem, os perigos destes tipos de pixels - que agem como espiões, ou seja, assim que você envia um e-mail utilizando o Superhuman, consegue saber o local onde está seu destinatário assim que a mensagem é aberta por ele.
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Tanto a revelação de Davidson quanto o texto do The Verge serviram de pontapé inicial para uma chuva de críticas dos usuários, que se decepcionaram com a tecnologia e temem pela privacidade e pela segurança.
Com a repercussão, Rahul Vohra, fundador do Superhuman, admitiu o uso da função e pediu desculpa por meio do portal do app: "Entendi que há, de fato, cenários de pesadelo envolvendo rastreamento de localização".
Ele citou que o Superhuman está trabalhando em mudanças. "Eu sinto muito por como nosso recurso de leitura de status fez as pessoas se sentirem. Nós não imaginamos o potencial para uso indevido. Agora estamos aprendendo".
Após o anúncio, Davidson agradeceu. "Obrigado por responder, Rahul Vohra. Gostei que você pediu desculpa e não disse 'desculpa SE você foi ofendido'".
O que é o Superhuman?
O app, que se autodenomina "a mais rápida experiência de e-mail já feita", ganhou os holofotes há alguns meses nos EUA. Trata-se de um serviço pago (US$ 30 por mês) que promete "organizar" o e-mail do usuário de forma inteligente.
Além do rastreador de mensagens - alvo da grande polêmica -, ele permite outras ações no e-mail do usuário, como desfazer uma mensagem enviada, por exemplo.
No entanto, as grandes apostas do app são as ferramentas de inteligência artificial: com simples comandos de teclados ou junção de palavras, o Superhuman consegue facilitar a vida dos clientes. Um exemplo, segundo teste feito pelo The New York Times, é quando o usuário escreve palavras-chave, como "próxima terça-feira". Automaticamente, neste caso, sua agenda para este dia é mostrada.
Problemas e perigos
A grande polêmica está justamente nos já citados pixels de rastreamento. O ex-Twitter deu mais detalhes em seu blog: "Este é um registro em execução (veja foto abaixo) de cada vez que meu e-mail foi aberto, incluindo localização e horário. Pergunte a si mesmo se espera que essas informações sejam coletadas e transmitidas a seus pais, seu filho, seu cônjuge, seu colega de trabalho, um vendedor, um ex, um estranho aleatório ou um perseguidor toda vez que você lê um email".
Davidson acrescentou: "Fui convidado para o serviço há alguns meses. Comecei o processo de integração, fiquei animado em tentar usá-lo como meu principal cliente de e-mail e perdi a confiança no momento em que descobri essa funcionalidade de spyware".
O Superhuman, apesar de dizer que vai desativar esta ferramenta, explicou como ela funciona. "Às vezes, o produto mostra dados de localização aproximados, como o estado ou país em que o email foi lido. Nós deliberadamente não mostramos dados sobre cidades. Nossos usuários podem desativar o status de leitura (pressione Cmd + K -> Desativar status de leitura) - para aparelhos Mac. Quando isso for feito, o app não incluirá pixels de rastreamento no email enviado".
Veja as mudanças que o app anunciou:
- Parar de registrar informações de localização para novos e-mails, com efeito imediato.
- Lançar novas versões de aplicativos que não mostram mais informações de localização.
- Excluir todos os dados de localização histórica do app.
- Manter o recurso de status de leitura, mas desativando por padrão - os usuários precisarão ativá-lo.
- Priorizar a criação de uma opção para desativar o carregamento de imagens remotas.
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