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Ricardo Cavallini

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Impressão 3D é caminho para artistas lucrarem com bonecos de suas criações

Os personagens Gato e Gata, de Laerte, em versão 3D - Reprodução/ ugrapress.com.br
Os personagens Gato e Gata, de Laerte, em versão 3D Imagem: Reprodução/ ugrapress.com.br

12/04/2021 04h00

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Laerte e outros artistas estão experimentando a impressão 3D. Usando a tecnologia, os artistas conseguem vender bonecos e toy arts de seus personagens sem precisar produzir em alta escala.

Os meios de produção tradicionais têm grande vantagem para produção em escala. Usar injeção de plástico, por exemplo, tem alto custo na produção dos moldes e baixíssimo na hora de reprodução das peças. Desta forma, as dezenas de milhares de reais ou dólares investidos no molde acabam sendo diluídos quando se produzem milhões de peças.

Para dar um exemplo, mesmo que o molde para produzir um cabide de roupas custe R$ 20 mil, se forem produzidos 2 milhões de cabides, o molde representaria apenas 1 centavo no custo de cada unidade.

Porém, para criar protótipos, testes de mercado ou produtos de alto valor agregado. Produtos cuja escala é muito menor, gastar R$ 10 mil, R$ 20 mil ou até R$ 50 mil em um molde inviabiliza a produção.

Para isso, a impressão 3D é uma ótima alternativa.

A tecnologia tem várias outras vantagens, mas o fato de permitir criar protótipos e produtos finais em baixa escala com baixo custo atraiu artistas pelo mundo. Agora artistas nacionais começam a se encantar pela tecnologia.

Apesar da maioria utilizar impressoras não industriais, cujo acabamento da peça é inferior a uma produzida em escala, os artistas estão atendendo uma demanda dos fãs que hoje não teriam acesso a estes personagens do jeito tradicional.

A tecnologia está evoluindo e o preço das impressoras industriais está caindo bastante, com isso, muito em breve veremos peças com acabamento superior às produzidas em escala. A tecnologia já existe, mas é pouco acessível.

Os primeiros personagens da Laerte a testar a tecnologia foram seus gatinhos. Conhecidos prosaicamente como o gato e a gata, eles apareceram como quem não quer nada na tira "O Condomínio", rondando os personagens humanos e —como qualquer gato— tomaram conta do pedaço. Das 283 tiras publicadas por Laerte em 1988, nada menos que 113 tinham a participação do casal de felinos.

Em seu livro "Laerte Total", ela explica a personalidade dos dois. "Enquanto o Gato é um fantasista, a Gata é mais prática, ligada nas coisas imediatas. Vamos dizer que ela tem uma linha filosófica mais epicurista e o gato é platônico, delira muito."

Laerte se juntou a empresas especializada em impressão 3D Memetoys Brasil. Diferente dos plásticos mais tradicionais, derivados do petróleo, os personagens são impressos em PLA, um plástico verde produzido a partir da fermentação de vegetais ricos em amido, como o milho.

Por não precisar fazer em escala, é possível experimentar com vários personagens ou várias poses diferentes. Os gatos enrolados devem aparecer em breve.

Enquanto eu fico torcendo para sair uma versão do Capitão, do "Piratas do Tietê", a empresa já está negociando com outros artistas para fazer outros personagens. Já estão trabalhando na Aline, de Adão Iturrusgarai.

Em breve, novos artistas estarão testando a tecnologia. É o caso de André Abujamra. Sempre ligado em novas tecnologias, virou garoto-propaganda de uma plataforma de NFT e agora está estudando para fazer um boneco dele mesmo. Maravilhoso, um Abu para chamar de teu. Maravilhas do mundo da impressão 3D.