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Pedro e Paulo Markun

REPORTAGEM

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O que vestir no metaverso? Provamos até o estilo 'Brasil Acima de Todos'

Stageverse permite compor a roupa do seu avatar no metaverso usando inteligência artificial - Reprodução/ Youtube/ Stageverse
Stageverse permite compor a roupa do seu avatar no metaverso usando inteligência artificial Imagem: Reprodução/ Youtube/ Stageverse

Pedro e Paulo Markun

Colunistas do UOL

08/11/2022 04h00

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Hoje vamos explorar o que acontece quando unimos avatares (uma das tecnologias-chaves do metaverso) com inteligência artificial.

Em outubro de 2021, estivemos pela primeira vez no Stageverse, um metaverso que havia sido lançado havia pouco tempo e que apresentava um show da banda Muse. A experiência, que vocês podem ler aqui, não foi lá das melhores.

Agora, um ano depois fomos, voltamos lá, desta vez para testar o Stageverse AI Avatar Studio.

O Stageverse, em versão alpha, pode ser acessado com diferentes dispositivos, incluindo o Oculus Quest ou o próprio PC. Mas as opções de avatar não parecem funcionar ainda no Oculus. Ou, pelo menos, não estão evidentes.

Esse é um problema frequente no metaverso —os aplicativos demandam experiências anteriores, que os gamers têm, mas nós, reles mortais, nem sempre dispomos.

Pelo computador, assim que entramos na aplicação somos convidados a usar o novo editor de avatar, que nos permite gerar estampas e texturas para as roupas do avatar a partir de descrições textuais (prompts).

Para gerar as imagens, eles utilizam uma versão customizada do Stable Diffusion, a tecnologia open source de criação de imagens com IA, que mostra —novamente— o potencial e a flexibilidade que as tecnologias abertas trazem para o campo.

É possível definir sexo, tons de pele, cor e tipo de cabelo, formato do rosto e olhos. Mas as figuras são mais parecidas com ocidentais e brancos e aparentemente héteros.

Há várias roupas —de jeans e camisetas a modelos do estilista francês Pierre Balmain e até jaquetas do grupo de rock Muse—, mas estão longe de cobrir o espectro de possíveis preferências e até da realidade.

Paulo, com seu cabelo e barba brancos, ficou assim:

Stageverse AI Avatar Studio - paulo - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Pedro se deu melhor e concluiu que, embora existam alguns modelos básicos —casaco, terno, jaqueta— ,no fim das contas a camiseta é aquela que melhor funciona para os apliques das imagens geradas por IA.

Os 'prompts' são textos livres que geram todo tipo de imagem e textura e não parecem ter problemas com obras protegidas por direitos autorais.

"Homem-Aranha" (assim mesmo, em português) gera uma estampa bastante icônica.

Stageverse AI Avatar Studio - homem-aranha - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

O mesmo aconteceu quando pedimos uma estampa inspirada em "A Noite Estrelada", de Van Gogh.

Stageverse AI Avatar Studio - a noite estrelada - van gogh - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

"Brasil Acima de Todos" nos dá uma textura interessante.

Stageverse AI Avatar Studio - Brasil Acima de Todos - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Já "Brasil Vai Virar uma Venezuela" gerou uma imagem confusa.

Stageverse AI Avatar Studio - Brasil Vai Virar uma Venezuela - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Mas a vantagem do sistema é essa. Em alguns segundos podemos passar de uma imagem para outra, mudando as palavras e movendo a textura pela camiseta para encontrar o resultado ideal.

Por fim, Pedro decidiu por um moletom inspirado na obra de Osgêmeos. E embora a referência seja óbvia, é interessante notar que não é nenhuma obra existente dos irmãos grafiteiros.

Stageverse AI Avatar Studio - Osgêmeos - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Essa história dos avatares ainda está mal resolvida em diversas plataformas. Mas os grandões da área estão se mexendo. Literalmente.

O novo Meta Quest Pro, apresentado por Mark Zuckerberg há poucos dias e que custará a bagatela de US$ 1.500, permite ter pernas. Com melhor resolução e gráficos e um computador de bordo mais poderoso oferece ainda imagens mais nítidas e a possibilidade de visão periférica.

O avatar de Zuckerberg apareceu há pouco tempo com pernas, alegre e saltitante. Só que Ian Hamilton, jornalista da publicação especializada UploadVR logo apontou a, digamos, gambiarra por trás da evolução. As imagens das pernas não teriam sido capturadas no metaverso e sim pré-gravadas. A filmagem não era real, em resumo.

Pernas são um problema para os avatares. Embora os do Stageverse tenham, até bem desenhadas.

A Google, por sua vez, investiu US$ 100 milhões na compra da Alter, uma startup de avatar de inteligência artificial (IA) que pretende criar avatares para usuários de mídia social e para marcas. O objetivo é incrementar o TikTok.

Enquanto isso, de posse dos novos avatares, fomos dar uma passeada pelo mundo do Stageverse e, embora o sistema esteja melhor —mais responsivo e com menos bugs—, continua sendo uma experiência um tanto vazia.

Existem diferentes espaços para visitar, um anfiteatro, um espaço no deserto, uma pista de dança?

Mesmo usando o Oculus parece que estamos? bem? em um mundo virtual, sem consistência ou vida.

No roadmap do Stageverse, conceitos como blockchain, inteligência artificial e metaverso se misturam para criar um universo densamente povoado e dinâmico.

O futuro desenhado por eles parece algo saído de um livro de ficção científica, mas ainda falta muito para que a experiência seja prazerosa.

É digno de nota quando, em uma determinada experiência, a etapa preparatória (construção do avatar) é mais interessante que a experiência em si.

Quem sabe voltaremos em 2023?