"Max Payne 3" honra raízes da série e retrata bem São Paulo; UOL visitou Rockstar
“Max Payne” foi um jogo à frente de seu tempo: do “Bullet Time”, que deixava a ação em slow motion por alguns segundos, ao monólogo interno que se passava na cabeça do perturbado protagonista, tudo em “Max Payne” soava revolucionário para os jogos de ação da época. Previsto para chegar em março, “Max Payne 3”, a cargo da Rockstar Games, mostra que a tecnologia fez muito bem à franquia, que ainda assim mantém intocadas as suas raízes.
UOL Jogos teve a oportunidade de visitar o escritório da Rockstar, em Nova York, e apreciar um demo com três fases de “Max Payne 3”, que para os brasileiros tem um apelo especial, afinal, boa parte do jogo se passa em São Paulo. Todo aquele estilo cinematográfico, com movimentos fluídos e uma estética que lembra os filmes de ação de Hong Kong, está lá, incluindo as sequências de animação em formato de graphic novel.
“Max Payne 3” está sendo criado de uma forma que a trama faça sentido mesmo que o jogador não conheça o passado da série – ainda que, segundo a Rockstar, aos antigos fãs esteja reservada uma experiência mais completa, permeada por “easter eggs” e várias referências aos jogos anteriores.
Atormentado pelos trágicos eventos de seu passado, Max se afundou no alcoolismo e no consumo descontrolado de analgésicos. Ainda com o visual pelo qual é conhecido e morando num pulgueiro em Nova York, Max recebe a visita de um antigo amigo, Raul Passos, que lhe oferece um trabalho para ser segurança de um executivo milionário em São Paulo.
Ainda que não pareça muito animado com a ideia, Max se vê obrigado a “pensar seriamente no assunto”, já que matou recentemente o filho de um proeminente mafioso local. É aí que começa a demonstração vista pelo UOL Jogos: o pai, disposto a vingar seu rebento, aparece em frente ao apartamento do protagonista, acompanhado de dezenas de capangas e com muita sede de vingança.
Do momento em que o jogador está no controle de Max, a identificação com os títulos anteriores é imediata. Porém, tudo está como é de se esperar em um shooter cinematográfico dos tempos atuais, graças aos motores Rockstar Advanced Game Engine (RAGE) e Euphoria, que lidam com os gráficos, animações, inteligência artificial e física do jogo. Com tamanho arsenal tecnológico à disposição, é possível causar muita destruição nos detalhados ambientes ao seu redor.
O “Bullet Time” não mudou praticamente nada (e precisava?), mas em compensação Max aprendeu alguns truques novos, a começar pelo sistema de cobertura, que faz a sua estreia na série. Além de poder se proteger utilizando elementos do cenário, o protagonista, após executar um salto utilizando o “Bullet Time”, consegue continuar atirando num ângulo de 360 graus, mesmo deitado no chão. Acredite: é uma cena bonita de se ver.
Após executar um salto utilizando o “Bullet Time”, Max consegue continuar atirando num ângulo de 360 graus, mesmo deitado no chão.
Na verdade, se há uma inovação no “Bullet Time” é o fato de que, conforme você consegue acertar áreas vitais dos adversários durante o slow motion, mais danos as balas causarão nestas regiões no futuro. Além disso, há certas cenas do jogo feita sob encomenda para sessões mais prolongadas de “Bullet Time”, normalmente acompanhadas de destruição massiva ao redor de Max.
Outra novidade é um recurso chamado “Las Man Standing”, que consiste no seguinte: quando Max leva um tiro fatal, caso ele tenha analgésicos em seu inventário, o jogo “rebobina” os momentos anteriores ao disparo em ritmo de Bullet Time e, caso o jogador consiga atingir o autor do tiro, então ele volta à vida com um pouco de energia.
São Paulo fielmente retratada, mas com “deslizes”
Logo após colocar quase todo o prédio abaixo e dizimar ao menos uma dúzia de gangsteres, é hora de ver a próxima parte da demonstração nos escritórios da Rockstar. Agora Max está em São Paulo, já trabalhando para a família do ricaço Rodrigo Branco, que costuma estar nas companhias de seus irmãos, Victor, um aspirante à política, e Marcelo, o estereótipo do playboy boa pinta que adora festas. A coisa começa a ficar feia quando Fabiana, esposa de Marcelo, é seqüestrada por um grupo paramilitar fortemente armado.
Os bandidos falam português o tempo inteiro. E sem sotaque carioca
A fase mostrada ao UOL Jogos começa em um terminal de ônibus de São Paulo, com Max e Fabiana, brasileira que namora Passos, fugindo dos bandidos. Eles buscam refúgio em um enorme galpão com várias carcaças de ônibus, mas logo são encontrados pelos bandidos e tem início um intenso tiroteio, com os ingredientes típicos da série – até mesmo a Kill Cam, que acompanha de perto a bala fatal até que esta atinja o inimigo, está de volta.
Os bandidos falam português o tempo inteiro. E sem sotaque carioca, boa notícia para quem temia que “Max Payne 3”, caísse em estereótipos, ainda que a estética de filmes como “Tropa de Elite” seja inspiração clara. Palavrões são gritados em profusão e não há legendas em inglês para eles, assim como não há para nenhum diálogo em português, já que a Rockstar quer que o jogador sinta-se como o protagonista, ou seja, longe de casa e num país cuja língua local ele desconhece.
Quando à qualidade da dublagem, os bandidos de “Max Payne 3” dão ordens, ameaçam, intimidam e xingam, xingam muito. Enquanto estiver jogando, prepare-se para ouvir frases como "Me ajuda aqui, p****!", "Mete fogo!", "Eu não tenho medo de morrer, seu babaca", "Filho da p***!" e por aí vai.
Para evitar spoilers, logo após alguns minutos do mais puro suco de destruição, a demonstração passa para uma nova fase, também em São Paulo, desta vez na sede das empresas de Rodrigo Branco, que pra variar se vê sob um perigo iminente de invasão. Porém, é nessa hora que alguns aparentes “deslizes” saltam aos ouvidos e olhos do repórter brasileiro: o próprio Branco, além de outros personagens, mesmo quando falam em português, falam com português carregado, como se fossem estrangeiros.
Além disso, um dos personagens da trama, um policial muito próximo ao empresário Rodrigo Branco, veste um traje cujo distintivo, no braço, lembra muito a caveira do Bope, tropa de elite da polícia carioca. Pelo visto o pessoal da Rockstar gostou bastante mesmo do filme, que nos EUA é conhecido como “Elite Squad”.
Entretanto, de forma geral a capital paulista está muitíssimo bem representada em “Max Payne 3”, dos cenários, com cartazes de empresas fictícias, ao modo de agir e falar dos bandidões. Aliás, a Rockstar fez questão de destacar que a dublagem em português da demonstração não é final, ou seja, casos como a voz com sotaque do próprio Branco devem ser solucionados na versão final.
Do ponto de vista da ação, o game soa extremamente natural aos entusiastas de “Max Payne”. Na verdade, a série era tão à frente de seu tempo que, mesmo “apenas” modernizado, “Max Payne 3” é uma experiência única, tanto quanto era dez anos atrás. De fato, não houve um autêntico sucessor para o legado da série, ainda que títulos como “Kane & Lynch”, para citar apenas um, tenham tentado.
MULTIPLAYER: SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA
Não é que o multiplayer não combine com “Max Payne”: a ideia esteve presente desde o jogo original, mas na época não havia tecnologia suficiente para empregar os recursos que a Rockstar queria para um modo online. Tanto que, em “Max Payne 3”, finalmente o multiplayer fará sua estreia, e não como um corpo separado do single-player; quem jogar online será envolto por uma história que se encaixa ao enredo da campanha principal, usando elementos de narrativa e dando personagens ao jogador, diferentemente de outros jogos de ação, compostos por milhares de anônimos em campos de batalha. Recentemente a produtora revelou ao site norte-americano IGN os primeiros detalhes de Gang Wars, principal modalidade do multiplayer, dividida em diferentes etapas. Cada uma delas sucede conforme os acontecimentos da anterior, dando objetivos dinâmicos à trama. É um experimento ousado e no qual vale a pena ficar de olho. |
CONHEÇA OS DETALHES DE "MAX PAYNE 3"
*O jornalista viajou a convite da Rockstar Games
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