Organizadores defendem Bienal de Cuba contra boicote de críticos ao governo
O diretor do Centro de Arte Contemporânea Wifredo Lam, Nelson Ramírez, disse que a Bienal tem o compromisso de ser um ponto de diálogo e intercâmbio "sem preconceitos" entre os artistas, razão pela qual negá-la "implica partir de uma posição anticultural e excludente".
Ramírez respondeu desta forma a iniciativa de autores críticos ao governo cubano, como Tania Bruguera, Julio Llópiz-Casal e Alexis Romay, que apontam o evento cultural como "um remendo" diante da grave crise que atravessa o país.
A ideia também é apoiada pela detenção de artistas da oposição como Luis Manuel Otero Alcántara - preso desde os protestos de 11 de julho - e Maykel Osorbo, ou a libertação de Hamlet Lavastida e de sua parceira em troca de seu exílio na Polônia.
A artista cubano-americana Coco Fusco, uma das promotoras do boicote, denunciou em suas redes sociais as ameaças contra dissidentes, como no caso do dramaturgo Yunior García, promotor de uma marcha cívica no próximo dia 15 de novembro que foi proibida pelas autoridades.
Para os organizadores do evento de artes visuais mais importante de Cuba, apoiar o boicote é uma "cumplicidade de fato com as potências imperiais", nas palavras de Ramírez.
Na mesma linha, a presidente do Conselho Nacional de Artes Plásticas, Norma Rodríguez, defendeu a Bienal em várias etapas entre 12 de novembro e 30 de abril de 2022, para a qual foram convidados cerca de 300 artistas de vários países.
Nem nos momentos mais difíceis a Bienal foi abandonada, disse Rodríguez, comentando que "se há algo que distingue este país, é a sua riqueza cultural" e o seu sistema de educação artística.
A última edição da Bienal de Havana foi em 2019 e recebeu mais de 300 artistas de 52 países que "intervieram" durante um mês em fachadas, parques e edifícios com obras que convidaram o público a interagir. EFE
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