Empréstimo com a mãe e pulseira dividida: para pagar o Lolla, vale tudo

O preço dos ingressos do Lollapalooza aumentam mais a cada ano. Nesta edição, a entrada mais cara custava R$ 5.550 — e se esgotou.

Como as pessoas se organizam para comprar os ingressos?

Paulo Henrique da Silva, 25, pegou um empréstimo com a mãe para bancar três dias de festival. O feirante de Suzano (SP) conta que frequenta o Lolla desde 2014 e decidiu comemorar os dez anos de história com o Lolla Pass — modalidade que dá acesso aos três dias e cuja inteira custa R$ 2.295.

Não sabia muito bem como me planejar, mas optei por fazer o seguinte: fiquei três meses juntando metade do ingresso, e a outra metade fiz um acordo com a minha mãe. Ela me emprestaria o dinheiro e, ao longo dos meses, eu pagaria de forma parcelada para não depender de cartão de crédito.
Paulo Henrique da Silva

Nos últimos dez anos, ele se descobriu fã do festival: "Na minha primeira edição, com 15 anos, fiz uma promessa para mim mesmo: enquanto o Lolla existir, eu irei. Amo esse festival, planejo fazer uma tattoo em homenagem a ele".

Paulo Henrique da Silva no Lollapalooza
Paulo Henrique da Silva no Lollapalooza Imagem: Arquivo Pessoal

Ele fez um planejamento especial para curtir o máximo dos três dias de Lolla. "Estou alucinado. Fiz um cronograma completo, horário por horário, cada show, pausa para comer, tudo detalhado. Quero chegar cedíssimo no Autódromo".

Shinji Kanashiro no Lollapalooza
Shinji Kanashiro no Lollapalooza Imagem: Arquivo Pessoal

Shinji Kanashiro, 27, já tornou o planejamento para o Lolla parte de sua rotina. "Normalmente compro Lolla Pass e me planejo bem antes. Como eu já sei que a pré-venda costuma ser em dezembro, no máximo janeiro, eu já me programo para comprar nessa época, assim pago bem mais barato. Mesmo sem o line-up anunciado, para mim já compensa só por ir ao festival. Sempre vai ter pelo menos uma banda que gosto", diz o cozinheiro autônomo de Guarulhos (SP).

Quando sei que está chegando a época do Lolla, começo a separar uma grana. Normalmente compro à vista, não costumo usar muito cartão de crédito. Deixo de fazer algumas coisas como sair, mas não deixo de fazer nada que eu amo.
Shinji Kanashiro

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Ele escolheu não ir ao Lolla neste ano, mas não foi por falta de dinheiro. "Só esse ano que não vou, desanimei um pouco com os cancelamentos", conta Shinji, que já foi em seis edições e também se considera fã do festival: "Gosto muito do Lolla porque lá conheci muitas bandas indie, como The Kooks, Foster the People. Gosto da vibe do lugar, todo mundo junto para se divertir, curtir, chorar, se emocionar. Vejo o Lolla assim".

Shinji Kanashiro e um amigo no Lollapalooza
Shinji Kanashiro e um amigo no Lollapalooza Imagem: Arquivo Pessoal

Antes de se decepcionar com os cancelamentos, ele considerava pagar a modalidade mais cara. "Pensei em comprar o Lounge Pass. Para mim compensa pelo transfer, o open bar e open food. Comida e bebida no Autódromo são bem caras, e as comidas do Lounge são parecidas com as do Chef's Stage. Você não vai ficar comendo hot pocket, que é o que vendem no gramado", explica.

Para ter acesso ao Lounge, já teve gente que arriscou ser expulso do festival. G., que pediu para não ter seu nome divulgado, relembra que em uma das edições dividiu a pulseira da área VIP com seus amigos. Eles estavam em seis pessoas, e apenas três tinham comprado o Lolla Lounge Pass — a modalidade que, neste ano, chegou a custar R$ 5.550. O "truque" foi o seguinte: eles deixavam a pulseira frouxa e, quando dois estavam dentro do Lounge, um deles pegava o bracelete do outro, saía e entregava para outro amigo. Assim, todos entraram na área VIP ilegalmente.

Fizemos isso nos três dias, curtimos o lounge sem ter pago. Teve uma hora que eu estava sem pulseira, então só disfarçava: não ficava levantando a mão na hora do show, só ficava de boa tomando o meu drink com a mão baixa. No último dia, choveu e até pegamos o transfer. Não estavam vendo nada, foi bem legal.

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