O caso do brasileiro que cometeu chacina contra a família na Espanha

Em setembro de 2016, um crime brutal chocou a Espanha e o Brasil. Quatro vítimas de uma família paraibana foram encontradas pela Polícia Civil espanhola um mês após serem assassinados.

As mortes foram descobertas após vizinhos sentirem um forte cheiro exalando da casa. Os corpos de Marcos Nogueira, sua esposa, Janaína Américo, e duas crianças, de um e quatro anos, estavam em sacolas de plástico.

A investigação conclui que François Patrick Nogueira Gouveia, sobrinho de Nogueira, era o único suspeito do crime. O jovem tinha 20 anos à época.

Para esmiuçar detalhes do caso, a HBO Max lança no Brasil a série espanhola "Não Conte a Ninguém". Com cinco episódios, a produção aborda a história da família e da investigação.

'Não Conte a Ninguém' já está disponível no catálogo da HBO Max
'Não Conte a Ninguém' já está disponível no catálogo da HBO Max Imagem: Divulgação

O que aconteceu?

A família Nogueira era de João Pessoa e foi morar na Europa em decorrência de uma oportunidade de emprego que Marcos conseguiu. O sobrinho Patrick morava com eles, pois queria jogar futebol na Espanha.

Em 18 de setembro de 2016, os quatro corpos foram encontrados esquartejados e deixados para apodrecer dentro de sacolas plásticas. No Brasil, a família não desconfiava da morte porque era comum que eles passassem algum tempo sem dar notícias.

Com as investigações, a Guarda Civil espanhola apontou Patrick como o único suspeito do crime após encontrar material genético dele no local dos assassinatos.

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Patrick voltou ao Brasil e foi aconselhado por seu advogado a se entregar às autoridades espanholas. Enquanto isso, na Paraíba, a Polícia Civil brasileira prendeu um segundo suspeito de envolvimento nas mortes. Marvin Henriques Correia, então com 18 anos, teve a prisão preventiva expedida pelo Ministério Público.

Foi descoberto que Marvin trocava mensagens com Patrick durante a execução do crime. Segundo a acusação, ele teria incentivado Patrick a matar a família e ainda deu dicas de como "se livrar" dos corpos.

Quais foram as motivações?

No depoimento, Patrick descreveu uma infância difícil, disse ter sido vítima de bullying e alegou ser dependente de álcool desde os dez anos. Ele alegou que essas circunstâncias foram os gatilhos para os assassinatos.

No Brasil, ele já tinha atacado um professor com uma faca no Ensino Médio. A vítima não morreu, e Patrick foi submetido a uma pena socioeducativa.

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Condenação

Patrick foi condenado a três penas de prisão perpétua por matar o tio e os primos. Ele também foi condenado a uma quarta, de 25 anos de reclusão, pelo assassinato da esposa do tio. O Supremo Tribunal da Espanha manteve a condenação e reuniu as penas em uma só condenação perpétua. Atualmente, ele cumpre a pena no Centro Penitenciário Madrid VII, conhecido como Presídio de Estremera

O condenado foi obrigado a pagar uma indenização de EU$ 411 mil para a família das vítimas e para o proprietário da casa onde o crime aconteceu. A pena pode ser revista a cada 25 anos.

E Marvin?

Em 2021, Marvin Henriques Correia foi absolvido da acusação de ter participado da chacina. A Justiça entendeu que ele não participou do crime e não violou nenhuma lei do Código Penal brasileiro.

O processo contra Marvin, porém, foi reaberto em fevereiro de 2023 após pedido do Ministério Público da Paraíba.

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A decisão que revogou a sentença antiga aponta que Marvin estimulou Patrick, por meio de mensagens de texto, a não desistir de matar o tio e ainda sugeriu que os corpos fossem enterrados. Hoje, Marvin possui um canal no YouTube e diz que não quer ser associado ao crime.

Fiz um canal no YouTube. Quero realmente que as pessoas pesquisem meu nome e descubram que eu tenho muito mais coisa a oferecer do que apenas essa mancha no meu passado, que mostra uma imagem de alguém que eu não sou.
Marvin, em depoimento ao documentário.

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