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Estupro, mortes e medo: Linha Direta de Bial é programa adulto, diz diretor

Fotos do caso Eloá, que será retratado na estreia do programa - Globo/Fábio Rocha
Fotos do caso Eloá, que será retratado na estreia do programa Imagem: Globo/Fábio Rocha

De Splash, em São Paulo

04/05/2023 04h00

O Linha Direta (Globo) está de volta após 15 anos. O programa, que é considerado um precursor do "true crime" — gênero que aborda crimes reais — na TV brasileira, vai mergulhar em casos de repercussão nacional que aconteceram ao longo dos últimos 16 anos.

Serão dois crimes por programa: um com desfecho conhecido e outro com a investigação ainda em aberto — o Linha Direta, inclusive, vai pedir ajuda do público para encontrar foragidos.

A atração, que contará com dez episódios ao longo da temporada de 2023, resgatou histórias de estupro, assassinatos, violência contra crianças, feminicídio, racismo, LGBTfobia e crimes digitais que impactaram todo o país.

"É um programa adulto. Existe uma grande curiosidade de quem consumiu o Linha Direta há 15 anos, uma geração que viveu aqui, que tem medo da música, que não dormia depois. A gente pega esse público que está mais velho hoje em dia e a curiosidade dessa turma que, agora, já foi criada na geração streaming, geração true crime", explica Gian Carlo Bellotti, diretor-geral do programa, em entrevista a Splash.

A edição de estreia vai abordar o caso Eloá. A jovem morreu no hospital no dia 18 de outubro de 2008, após ser baleada na cabeça e na virilha pelo ex-namorado Lindemberg Alves. Ele a manteve como refém, dentro do apartamento dela, por cinco dias. Lindemberg, que não teve ferimentos, foi preso e condenado a mais de 98 anos de prisão. Em junho de 2013, o Tribunal de Justiça de São Paulo reduziu a pena para 39 anos.

"É a possibilidade de você mergulhar no caso mais do que uma notícia. Vão aparecendo coisas que você não acredita. Parece ficção. A curiosidade prende o espectador que vai acompanhar o Linha. Você vai mergulhando na história, vai entendendo a camada por trás daquele crime que você assistiu no telejornal ou leu em um site."

Diretor orientando Pedro Bial nos bastidores do programa. As gravações acontecem nos Estúdios Globo, no RJ - Globo/Fábio Rocha - Globo/Fábio Rocha
Diretor orientando Pedro Bial nos bastidores do programa. As gravações acontecem nos Estúdios Globo, no RJ
Imagem: Globo/Fábio Rocha

Desafio do programa é falar com público diverso da TV aberta: "Quando você pega o streaming é um público um pouco mais segmentado, no sentido que ele deu um play, ele quer ver aquele conteúdo, ele já está preparado para aquilo. Na TV aberta, o público é muito grande. Você lida com a forma de furar a bolha, no sentido de que você produz para muita gente".

O novo Linha Direta busca atualizar a linguagem e explorar os avanços tecnológicos: "Estamos experimentando muita coisa, desde o cenário, a escolha do Pedro [Bial], a forma de contar essas histórias. É um exercício delicioso de fazer na parte da direção, mas é um exercício que a gente tem que monitorar como vai ser recebido pelas pessoas por causa desse público abrangente".

Imagens de câmeras de segurança e captadas por celulares ajudaram no processo de reconstrução dos casos: "O aparecimento da tecnologia, até mesmo de pesquisa, que mudaram até o nosso processo investigativo, fez a gente ter uma abertura muito grande para criar uma linguagem'.

Atração desistiu de casos por falta de embasamento para contar as histórias: "Quando a gente começa a perder possíveis pessoas para contar aquilo, por medo, receio ou qualquer outro motivo, a gente não tem a sustentação para contar essa história. Aí a gente acaba desistindo dela".

O programa

Linha Direta - Divulgação Globo/Fábio Rocha - Divulgação Globo/Fábio Rocha
Pedro Bial no programa Linha Direta
Imagem: Divulgação Globo/Fábio Rocha

O Linha Direta estreia hoje, depois do Cine Holliúdy, na Globo;

Bial vai narrar e conduzir entrevistas com personagens de diferentes graus de envolvimento com os crimes abordados pelo programa;

As reconstituições vão continuar, mas, segundo o diretor-geral da atração, elas não terão diálogos. A ideia é que elas sejam um apoio visual para a apresentação dos crimes;

O programa vai divulgar números oficiais de denúncia ao fim de cada exibição. No passado, os telespectadores faziam denúncias por meio de uma central telefônica, disponível 24 horas por dia, e pelo site da atração.

O novo Linha Direta também vai ganhar um podcast, com conteúdo extra, depoimentos e impressões do apresentador. O programa será semanal, no dia seguinte à exibição na TV, e será disponibilizado no Globoplay e nas principais plataformas de áudio.