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Flordelis no Globoplay e na HBO: qual documentário assistir sobre o crime?

Flordelis no primeiro episódio da série documental "Flordelis: Em Nome da Mãe" - Divulgação/HBO Max
Flordelis no primeiro episódio da série documental 'Flordelis: Em Nome da Mãe' Imagem: Divulgação/HBO Max

De Splash, no Rio

10/12/2022 04h00

A história de ascensão e queda de Flordelis ganhou duas séries documentais: "Questiona ou Adora", no Globoplay, e "Em Nome da Mãe", na HBO Max. Qual das duas é melhor e deve ser vista primeiro?

As duas produções trazem detalhes da investigação sobre a morte do pastor Anderson do Carmo em 2019, na qual Flordelis foi condenada a 50 anos de prisão no mês passado. No entanto, a produção da HBO, dirigida por Suemay Oram, é mais completa.

Por quê? Ela leva vantagem por apresentar imagens e depoimentos que a do Globoplay não tem. "Em Nome da Mãe" traz depoimento do principal nome desse caso: a pastora Flordelis. Também traz falas do atual noivo dela, o produtor musical Allan dos Santos.

Além desses depoimentos, os diretores acompanharam de perto a rotina da então acusada, desde as semanas seguintes ao assassinato até a prisão preventiva em agosto de 2021. Naquele momento, ela perdeu o foro privilegiado ao ter o mandato de deputada federal pelo Rio de Janeiro cassado.

Os diretores entraram na casa de Flordelis e registraram momentos inéditos:

  • Estratégias da defesa da advogada e assessora para apresentar a versão de Flordelis -- considerada mentirosa pela Justiça que a condenou;
  • Cena de choro em cima do jazigo da vítima e ida ao monte "para apresentar a causa de Deus" em meio às acusações da polícia;
  • Flordelis tirando a lace em frente ao espelho e dizendo que tinha medo de ser machucada na prisão;
  • Aplicação de botox antes de sair de casa e ir para a cadeia, além dela pintar as unhas e arrumar o cabelo.

No que diz respeito aos detalhes da investigação, as duas produções capricham. "Adora ou Questiona" mostra até mais entrevistas com os investigadores, que detalham as contradições encontradas pela polícia nos depoimentos dos familiares, que tentaram inocentar a matriarca da numerosa família. Só que essas informações não eram inéditas e já haviam sido divulgadas pelos jornais.

A produção do Globoplay também é mais prolixa ao apresentar a história passada de Flordelis, enquanto a da HBO vai direto ao ponto da investigação. O passado de glórias de Flordelis é contado pelas imagens de arquivo que aparecem em alguns depoimentos.

Mas cabe uma ressalva. "Em Nome da Mãe" foca mais tempo na dinâmica familiar de Flordelis do que nas investigações e, por isso, pode parecer documentário de defesa da pastora em alguns momentos, transmitindo a sensação de parcialidade ou que ela é inocente — o que não é, segundo a justiça.

Em entrevista a Splash, os diretores reforçaram que a série tem um olhar 360º. Além de Flordelis, traz depoimentos de seus algozes, como Misael, dos investigadores de polícia

E por que temos duas séries sobre Flordelis? Produções audiovisuais que narram crimes reais estão em alta nas plataformas digitais e o a história de Flordelis teve ampla repercussão midiática, seja por ser uma mulher negra, periférica e com mais de 50 filhos que se tornou figura nacionalmente conhecida, ou pelo crime que derrubou essa trajetória de fama, poder e dinheiro.

Na série "Em Nome da Mãe", uma fala de Allan Duarte, delegado a frente de parte das investigações, sintetiza a história de Flordelis como "triste retrato da realidade brasileira. Tem disputa de poder, conflito religioso, disputa financeira, família, discriminação, pessoas negras, pobres, jovens sendo incriminadas".

Condenação

No dia 13 de novembro, Flordelis foi condenada a 50 anos e 28 dias de prisão pela morte do pastor Anderson do Carmo. Flordelis respondia por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosamente armada., mas as duas séries não focam no momento mais aguardado do caso, possivelmente pela data de lançamento ser tão pró.

Apesar de as séries terem meses de produção e edição, as plataformas de streaming correram para divulgá-las pouco tempo depois do julgamento. Assim, aproveitaram o burburinho em torno do caso, que foi bastante midiatizado desde a data do assassinato de Anderson, executado a tiros em junho de 2019, na residência da família, em Niterói.

O Tribunal do Júri também condenou Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, a 31 anos, 4 meses e 21 dias pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada.

Os filhos afetivos Marzy Teixeira da Silva, André Luiz de Oliveira e a neta Rayane dos Santos Oliveira foram absolvidos de todos os crimes.

Os filhos biológicos Flávio e Adriano, o filho adotivo Lucas e o filho afetivo Carlos já haviam sido condenados, assim como o ex-policial militar Marcos Siqueira da Costa e a mulher dele, Andrea Siqueira.

Flordelis está presa desde 13 de agosto de 2021. Dois dias antes, Flordelis havia perdido o foro privilegiado ao ter o mandato de deputada federal cassado por 437 favoráveis, 7 contrários e 12 abstenções.