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Marcos Palmeira decidiu atuar após morar com indígenas: 'Me deu inspiração'

Marcos Palmeira fala de seu trabalho com indígenas no Pará - Reprodução/Globoplay
Marcos Palmeira fala de seu trabalho com indígenas no Pará Imagem: Reprodução/Globoplay

De Splash, em São Paulo

07/10/2022 11h29Atualizada em 07/10/2022 15h28

Marcos Palmeira participou hoje do "Mais Você" (TV Globo) e falou sobre o início de sua carreira e a decisão de ser ator.

O programa exibiu imagens do artista em seu primeiro papel, como Clisares no "Chico Anysio Show". Ele é sobrinho do humorista e, apesar de ter o tio e o pai (o cineasta Zelito Viana) no meio do entretenimento, disse que a arte era algo "paralelo" em sua vida na juventude.

"Fiz teatro, teatro amador, depois fiz a CAL [Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio], mas eu tinha outras ambições. Eu cheguei a morar com índios Arara, participei da Frente de Atração Arara com Sydney Possuelo, em 1980. Lá no Pará, fazendo primeiro contato com os índios", disse. "Eu tinha o sonho de ser indigenista. Depois quis fazer sociologia, depois quis fazer veterinária. E a arte sempre na paralela", completou.

A Frente de Atração Arara foi liderada pelo sertanista e indigenista Sydney Possuelo e estabeleceu o primeiro contato com o povo Arara da aldeia Iriri, um projeto da FUNAI com apoio do Exército Brasileiro.

Marcos Palmeira já havia contado, em participação no "Que História é Essa, Porchat?" (TV Globo) que trabalhou na parte audiovisual do projeto.

Apesar das outras aspirações, a comunicação e o convívio com o povo Arara o incentivou a seguir na atuação.

De algum forma, minha convivência com os índios me trouxe pra arte depois de conviver com eles fazendo o teatro com aquela comunicação, já que eu não falava a língua deles, aquilo me deu uma inspiração: vou me tornar ator profissional e vou dedicar meu trabalho aos índios. Marcos Palmeira

Homofobia em "Pantanal"

Durante a entrevista, Marcos Palmeira falou sobre a evolução de seu personagem em relação ao preconceito.

"Eu fiz questão de ir fundo nessas questões do personagem. Eu não podia aliviar pro público. O personagem é assim, os personagens são errados e vão se consertando no andar da carruagem. Você não consegue contar a história se você não vivencia ela dessa forma. Você não faz o arco desse personagem, desse entendimento, dessa ignorância que todos nós temos, desse preconceito ancestral que é uma coisa absurda. Não faz o menor sentido", disse, elogiando também o papel de Silvero Pereira como Zaqueu.

O ator também criticou a homofobia e o racismo.

"A gente [tem que] parar. Em 2022, ainda ficar discutindo a sexualidade das pessoas, preocupados com isso. Ninguém tá olhando mais o caráter,o temperamento das pessoas. Olham a sexualidade, a cor, e assim a gente vai se atropelando e nos afastando de nós mesmos. É uma burrice. É muita ignorância. Espero que a gente consiga sair disso, que a gente evolua com a educação nas escolas com esse entendimento, da gente abrir a cabeça pra poder se relacionar com as pessoas de outra forma. [...] A gente tem que olhar mais a alma das pessoas, entender as pessoas profundamente", afirmou.