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Natália Deodato sobre crescer com vitiligo e bullying: ' A arte me salvou'

Natália Deodato, ex-BBB - Manuela Scarpa/Brazil News
Natália Deodato, ex-BBB Imagem: Manuela Scarpa/Brazil News

De Splash, em São Paulo

25/06/2022 13h15Atualizada em 25/06/2022 14h05

A ex-BBB Natalia Deodato abriu a intimidade e falou sobre como foi o processo de aceitação do vitiligo, doença que causa despigmentação da pele. Em relato para a Revista Glamour, Natalia comentou que as primeiras manchas começaram a aparecer quando ela tinha 9 anos. Ela ainda afirmou que, após finalmente conseguir o diagnóstico, entrou em depressão e enfrentou uma longa batalha para amar o próprio corpo.

"Eu lembro perfeitamente, porque foi uma fase que me marcou demais. Sempre fui muito vaidosa e quando surgiu a primeira, no cantinho no olho, achei que fosse alergia de maquiagem", disse ela.

As manchas, no entanto, foram aumentando e espalhou rapidamente pelo corpo dela. "Já chegou como período inflamatório, então tinha manchinha e ao redor de cada uma delas, uma borda que saía pus. Lembro que veio um médico de São Paulo e não conseguia fechar um diagnóstico". Na época, Natalia morava em Belo Horizonte.

Ela relata ter passado por vários especialistas, que trataram a doença como micose. "Fomos enganadas pela medicina e minha mãe, assustada, tentava me ajudar, melhorar a minha autoestima, mas ninguém sabia de nada."

Só após vários tratamentos fracassados, Natalia descobriu que tinha vitiligo um ano após as primeiras manchas aparecerem. "Gastamos mais de R$ 1000 mensais, porque era tudo muito caro. Tentamos na Justiça para ter ajuda do SUS (Sistema único de Saúde), fiz tratamento vindo de Cuba, tentei medicina alternativa e nada resolvia."

Ela ainda afirmou que chegou a um ponto de não querer mais prosseguir com os tratamentos, que tinham remédios muito fortes. Aos 10 anos, ela acabou entrando em depressão.

"Emagreci demais, meu cabelo caiu e fiquei um pouco anêmica. Não comia direito e cheguei a pesar 45 kg. E quanto mais ansiosa ficava, mais manchas apareciam. Tive uma fase em que só usava óculos. Odiava bater foto, se alguém tirasse foto minha e revelasse, eu rabiscava e queimava."

Depressão e aceitação

Natalia ainda contou que tentou tirar a própria vida até os 12 anos. "Mas, felizmente, nada funcionou. Aí pensei: 'Já que não está dando certo, já que Deus tem isso para me dar, eu vou tentar ver o lado positivo'. Comecei a ter acompanhamento psicológico e a me olhar com mais amor. E a medida que eu ia me aceitando, algumas manchinhas até sumiam."

Apesar de ter iniciado um processo de aceitação do próprio corpo, a ex-BBB diz que sofreu muito bullying na escola e em casa. "Meus irmãos mais novos me chamavam de girafa. Era uma coisa boba, mas me feria. Comecei a olhar a vida de outra forma graças à arte. Entrei para o balé, troquei de escola e iniciei dança de rua, de salão, teatro... Isso me mostrou um novo mundo, porque ali as pessoas me aceitavam do jeito que eu era."

Minha professora de teatro falava: 'Nat, você pode ser o que quiser'. Ela infelizmente já faleceu, seria uma honra tê-la aqui hoje, mas ela sempre ressaltava que eu construiria e contaria a minha história. Outra professora importante foi a Vera, de português. Ela me dizia: 'Sabe a Fernanda Montenegro? Ela é protagonista e eu te vejo como ela. Quero que você seja protagonista da sua história'. Foi um conjunto de coisas boas que o universo me proporcionou naquele momento. A arte me salvou.

Relacionamentos

A ex-BBB comentou que a doença fez com que possíveis parceiros românticos se afastassem dela — o que abalou a sua autoestima. "Até que, um dia, uma amiga me disse que eu não precisava ter vergonha, porque tinha um amigo dela que me achava linda. 'Ele fala que você parece um céu cheio de nuvem, uma onça...' e eu disse: 'ah, ele deve estar falando isso porque me achou 'corpuda''. Sempre tive pernão, bundão. Resumindo: ela me apresentou o menino e começamos a namorar". Na época, ela tinha 13 anos e ele 25.

"Esse relacionamento durou pouco, foi coisa de criança mesmo. E, logo em seguida, comecei a namorar outro rapaz, o Jean. Ele trabalhava muito minha mentalidade. Eu achava que as pessoas não tinham interesse em mim, que não era bonita... e ele me dizia que eu era linda todos os dias, me enaltecia. Tinha 14 anos e foi com ele que tive a minha primeira vez. Não me senti insegura. Fui enxergando meu valor. Depois desse relacionamento, passei a me considerar uma grande gostosa."

O primeiro casamento ocorreu aos 15 anos e durou três anos. "Meu ex-marido pensava pequeno e eu queria muito mais. Foi aí que decidi me inscrever escondido para o BBB. Cheguei na fase final várias vezes, mas não entrava no reality. Este ano aconteceu."

Trabalho e sonhos

Durante o relato, Natalia comentou que trabalhou em diversas áreas e que tinha o sonho de trabalhar com modelo, "mas tinha medo por conta das manchas."

Meu namorado incentivou e decidi bater na porta das agências. Mas todas me diziam que eu não tinha perfil de modelo, que as marcas famosas nunca iriam me contratar. Tive que ouvir que, se quisesse uma oportunidade, poderia trabalhar na limpeza da empresa.

Apesar da resposta, ela diz ter insistindo na carreira e chegou a fazer alguns trabalhos na área. "Nunca deixei esse sonho morrer por completo. Eu lembrava da Winnie Harlow [modelo que também tem vitiligo]. 'Se ela conseguiu, eu consigo. Só preciso das oportunidades certas'."

Após o BBB, ela afirma que a vida está "finalmente virando". "No entanto, sigo na luta e bato todos os dias na porta das oportunidades. Por mais que tentem, nunca vão conseguir apagar a chama da esperança, a chama da fé."

Há dias em que não tenho nem vontade de levantar da cama, mas digo: 'Não, Natália. Vamos embora'. Escolhi me amar e falar que sou linda. Repito até a minha alma aceitar. Às vezes, não a mais gostosa, mas digo, alto: 'eu sou protagonista da minha vida, a minha história sou eu quem escrevo. Decidi me olhar com amor e me abraçar com amor'. Cabe a decisão. O amor é uma escolha e eu decidi me amar.