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Chay se diz horrorizado com violência no Brasil no governo Bolsonaro

Daniel Palomares

De Splash, em São Paulo

18/02/2022 04h00

Quando "A Jaula" foi gravado no fim de 2018, Jair Bolsonaro tinha acabado de ser eleito presidente do Brasil. Quatro anos se passaram e o filme é lançado em ano de nova eleição.

Será que a eterna discussão proposta pelo longa sobre os limites da justiça com as próprias mãos avançou de alguma forma?

É triste perceber que o tempo passou e poucas coisas boas aconteceram. A coisa está pior do que há quatro anos em todos os sentidos, sem dúvida. Era algo que eu com certeza esperava. Não fiquei surpreso com nada, apesar de horrorizado. opina Chay Suede, protagonista do filme

"Essa escalada de pacote de ideias autoritárias e extremamente irresponsáveis, muitas vezes violentas, vem de muito antes de quatro anos atrás. O filme nada mais é do que o reflexo da vida. Talvez seja uma maneira de a gente se assistir", pontua Chay.

Para dar vida ao ladrão que vai definhando ao longo dos dias que passa preso sem água ou comida, Chay precisou perder nove quilos. A experiência nas filmagens foi única, já que o filme praticamente inteiro se passa dentro do veículo. Mas mesmo um cenário tão simples é capaz de causar reflexões.

"A gente sai de lá com uma sensação dúbia. E não comparando um psicopata que sequestra e tortura com alguém que tenta roubar um toca-fitas. Não cabe essa comparação. Esse filme toca num ponto delicado do brasileiro de hoje: a justiça com as próprias mãos", explica.

Prefiro acreditar que muita gente que se diz a favor da justiça com as próprias mãos a qualquer custo não conseguiria presenciar aquilo que elas bancam na internet. É difícil ver alguém sofrer sem conseguir se defender. Crueldade não se justifica por nada. De um tempo para cá, o relativismo coloca em xeque coisas que a gente não deveria normalizar.