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Quem foi o Coronel Moreira César, que dava nome à Rua Paulo Gustavo

A rua Coronel Moreira César, hoje Rua Ator Paulo Gustavo, fica em Icaraí, Niterói
A rua Coronel Moreira César, hoje Rua Ator Paulo Gustavo, fica em Icaraí, Niterói
Divulgação/Prefeitura de Niterói

De Splash, em São Paulo

11/06/2021 18h28Atualizada em 11/06/2021 22h17

A mudança do nome da Rua Coronel Moreira César para Rua Ator Paulo Gustavo foi aprovada no mês passado pela Câmara Municipal de Niterói, e dividiu o público: os fãs e amigos do ator comemoraram, mas os lojistas da região não gostaram.

Mas, afinal, quem foi o Coronel Moreira César?

Antônio Moreira César nasceu no dia 7 de julho de 1850 em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo.

Wikimedia Commons - Wikimedia Commons
Imagem: Wikimedia Commons
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Moreira César chegou a ser considerado o maior especialista da força terrestre do Exército Brasileiro e era conhecido pela brutalidade: ganhou os singelos apelidos de "Treme-Terra", "Corta-Cabeças" e "Anticristo".

Em "Os Sertões", Euclides da Cunha o descreveu assim:

Era um desequilibrado. Em sua alma a extrema dedicação esvaía-se no extremo ódio, a calma soberana em desabrimentos repentinos e a bravura cavalheiresca na barbaridade revoltante.

Em 1883, participou do assassinato do jornalista Apulcro de Castro, que havia criticado um oficial no jornal "O Corsário". Euclides da Cunha também escreveu sobre a atuação de Moreira César:

Foi o mais afoito, o mais impiedoso, o primeiro talvez no esfaquear pelas costas a vítima.

Como punição por assassinar o jornalista no Rio de Janeiro, o então capitão Moreira César foi transferido para o Mato Grosso.

Mas sua carreira seguiu em ascensão: Moreira César participou da repressão à Revolta da Armada, em que marinheiros brasileiros se rebelaram contra o presidente Floriano Peixoto no Rio.

Também comandou prisões, fuzilamentos e execuções dos que apoiavam a Revolução Federalista, no Sul do país.

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A fama de "Anticristo" foi longe: em 2013, durante um protesto, manifestantes entraram na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e desenharam chifres em um retrato de Moreira César.

Reprodução/Câmara Municipal do Rio de Janeiro - Reprodução/Câmara Municipal do Rio de Janeiro
Imagem: Reprodução/Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Moreira César morreu em outro grande conflito da história brasileira: a Guerra de Canudos. Ele foi escalado para a 3ª tentativa de derrubar a comunidade, e sua fama de general impiedoso causou muita expectativa.

Exagerara-se demais na distensão das mais extravagantes fantasias a temibilidade daquele. Era o anti-Cristo, vindo jungir à derradeira prova os penitentes infelizes.
Euclides da Cunha, descrevendo a fama do Coronel em Canudos

Euclides da Cunha diz que a previsão era "a devastação dos lares, dias de torturas sem nome, a par duríssimos tratos. Canudos dissolvido a bala, a fogo, e a espada..."

Não foi bem assim.

Moreira César foi atingido no abdômen durante o combate e morreu doze horas depois, em 4 de março de 1897.

Ele foi substituído por outro Coronel, que também foi derrotado no mesmo dia e acabou recuando. A comunidade de Canudos só caiu em outubro, com a morte da maior parte dos 25 mil habitantes.