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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Flip, modo de usar: vá solto, não atole a agenda, aproveite a cachaça

Paraty durante a Flip. -  EFE/Sebastião Moreira
Paraty durante a Flip. Imagem: EFE/Sebastião Moreira

Rodrigo Casarin

Colunista do UOL

23/11/2022 04h00

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O principal conselho que posso dar para quem irá para a Flip: vá leve, vá solto. O que isso significa? Dê uma boa olhada na programação principal, pesquise com atenção ainda maior e gigantesca programação paralela. Tenha uma ideia do que quer realmente ver, mas não se atole de compromissos, não crie uma agenda sem espaço para nada. Uma das coisas mais legais é circular pelas ruas de Paraty e, meio que ao acaso, descobrir momentos singulares. Alerto: as ciladas também são muitas. Lembre, rigidez e estresse com um mundo de "tenho que ver, tenho que fazer" não combinam com a ideia de festa.

Não fique enfurnado num canto só. A pior maneira de acompanhar a Flip, imagino, é se encher de ingressos para a tenda da programação principal e passar os dias entocado num espaço que pouco dialoga com seu entorno. Para essas mesas, negócio melhor é aproveitar o telão da praça. Ali que dá para trocar ideias e beber cerveja enquanto ouve os autores e esbarra com outros escritores.

Apesar da multidão pelas ruas, principalmente na sexta e no sábado, os encontros de fato acontecem. Sim, haverá gente mala com ar blasé por todos os lados. Mas também haverá muita gente legal, que sabe ser possível falar de literatura sem pompa ou cerimônia. Deixe o blazer em casa.

Vá com o fígado preparado. Beba água e se alimente para aguentar também a maratona etílica, não apenas literária. Aproveite para aprender algo sobre cachaça nas degustações ligeiras das lojas. Saiba que a Maria Izabel é boa mesmo, histórica, mas há outras locais tão gostosas quanto - e mais em conta. A Coqueiro armazenada em amendoim, branquinha, e a Engenho d'Ouro maturada em barril de jequitibá, levemente amarelada, estão entre as minhas favoritas.

São preciosos os finais de tarde e as noites nos botecos, onde as conversas tomam caminhos bem mais livres - e mais inusitados, conforme as garrafas esvaziam. Beber do lado de lá da ponte costuma ser mais barato do que pelos arredores da praça. A Flipei, a Festa Literária das Editoras Independentes, aliás, promete servir em seu bar o chope mais barato do rolê. Sim, quase tudo é bem caro, mas dá para economizar bons trocados comendo em restaurantes pelos arredores do Centro Histórico, fugindo das ruas de pedra.

Se quiser e puder, apareça nas mesas que mediarei, ambas no Sesc Santa Rita. No sábado, às 11h, o papo com Ricardo Viel e Andréa Del Fuego será sobre José Saramago. No domingo, às 14h, a conversa com Diogo Monteiro e Marcelino Freire terá como tema "A História Onde eu Habito".

E é Flip. Também é Copa. Fique esperto para não perder os melhores jogos. Não se esqueça que no sábado, às 16h, Messi estará em campo para decidir o que será de sua vida depois da tragédia contra a Arábia Saudita. Estarei por algum bar para aplaudi-lo, espero.

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