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REPORTAGEM

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Xico Sá: o ocaso de um goleiro e a literatura na mesa do boteco

Rodrigo Casarin

Colunista do UOL

26/08/2022 04h00

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"Todo goleiro é um Sísifo, meu filho, um trabalhador inútil... É preciso pensar que Sísifo é feliz".

Um goleiro sob as traves do Zerão, o mítico estádio de Macapá cuja marca central, garantem, fica exatamente na linha do Equador, fazendo com que cada metade do campo esteja num hemisfério do globo.

Não é uma partida qualquer. Aquele é o jogo de despedida do goleiro, que, após duas décadas de Europa, tenta rever os difíceis laços com o Brasil. No tempo livre antes das pelejas que o arqueiro, filho de um russo comunista, descobriu o prazer da leitura. É no minuto a minuto de sua derradeira partida que esse personagem repassa a sua vida, reflete sobre o amor, os desejos e as aspirações, imagina o futuro.

Pela mente desse goleiro que o leitor perambula em "A Falta" (Tusquets), novo romance de Xico Sá. Ao ler a obra, é quase automática a lembrança de Albert Camus, Nobel de Literatura de 1957, ex-goleiro do Racing de Argel e escritor que atribuía ao futebol tudo o que sabia sobre a moral e as obrigações do homem. A relação entre a bola e a literatura foi, claro, um dos assuntos do papo que bati com o Xico, também autor de livros como "Big Jato", "Modas de Macho e Modinhas de Fêmea" e "Sertão Japão".

Aliás, por essas coincidências da vida, na sexta em que este episódio vai ao ar, dia 26 de agosto, estarei na simpática Santo Antônio do Pinhal, vizinha de Campos do Jordão, para participar da Festa Literária Internacional da Mantiqueira. O papo será justamente com o Xico e começará às 19h. É no auditório da cidade, na faixa. Se estiver pela região, apareça.

Mas voltemos à conversa do podcast. A forma como o futebol parece se distanciar de traços de intelectualidade, a tradição na crônica, uma certa linhagem de romances e novelas sobre o esporte que começa a se formar em nossas letras e escolhas formais do romance tiveram espaço na entrevista.

Xico ainda fala sobre os limites entre o jornalismo e a literatura, lembra as noites em botecos ao lado de Sócrates e revisita alguns momentos da própria carreira. Como uma espécie de auto inquisidor, para ele alguns trabalhos merecem as eventuais críticas que pintam por aí.

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