Isolado em Bangcoc, na Tailândia, brasileiro relata a situação da cidade
Pedro Fonseca
De Nossa
28/03/2020 04h00
No dia 9 de março, Danilo Lima saiu do Brasil rumo à Tailândia com sua esposa e cunhada para curtir as férias, mas, como muitas pessoas, não imaginava que em pouco tempo o coronavírus mudaria seus planos.
Eles tiveram dúvidas em relação à viagem, mas decidiram manter a programação pelos poucos casos no Brasil e no país asiático até então, não previam o surto que viria.
Apesar da decisão, Danilo não deixou de se informar sobre atualizações da propagação do vírus: "Viemos acompanhando as notícias locais para não sermos pegos de surpresa", conta.
Porém, no dia 6 de março, houve uma luta de kickboxing - um dos esportes mais populares do país - em um estádio fechado de Bangcoc. Pouco mais de uma semana depois, foi noticiado que inúmeras pessoas presentes no evento foram infectadas, e os casos começaram a crescer no país: "Estávamos na província de Chiang Rai e os comércios começaram a fechar, então decidimos partir para a capital", explica Danilo.
A ideia era tentar antecipar o retorno para o Brasil, mas não conseguiram alterar o voo, então permanecem isolados em um apartamento alugado pela plataforma Airbnb: "Entramos em contato com a embaixada, nossos voos seguem confirmados para o dia 28 de março", diz.
As últimas informações que receberam são que a companhia Air China os havia alocado para um voo da Thai Airways até Frankfurt, e de lá para Guarulhos pela Lufthansa. Porém, a empresa tailandesa anunciou diversos cancelamentos posteriores à data de seu voo.
Nisso, a embaixada brasileira em Bangcoc negociou com a Ethiopian Airlines uma espécie de "voo fretado" para hoje, sábado (28), mas as passagens custam R$ 10 mil: "Nesse momento, brasileiros na mesma situação montaram grupos de WhatsApp para repassar informações", explica Danilo.
As impressões da cidade
Segundo o rapaz, a vida da capital tailandesa está bem diferente do usual: "O movimento diminuiu bastante, mas ainda não está desértico. Supermercados, lojas de conveniência e farmácias estão abertas, mas comida só para viagem ou por delivery", conta.
O que chama atenção são as normas para entrar no elevador, a obrigatoriedade de usar máscaras no transporte público e uma dedetização nos famosos templos, uma realidade que ele não esperava vivenciar.
Eles estão se virando, indo ao supermercado só quando necessário e pedindo comida para evitar o contágio: "Uma coisa que se destaca é o uso disseminado de máscara e o controle de temperatura na entrada de prédios e templos. Além disso, há álcool em gel por todo lado. No metrô, só pode entrar de máscara agora", conta.