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Dividida

Mauro Cezar Pereira entrevista personagens de destaque do universo esportivo


Presidente do Inter: O mais fácil é fazer 12 contratações e endividar o clube

Do UOL, em São Paulo

15/04/2021 15h32

Alessandro Barcellos foi eleito presidente do Internacional em dezembro do ano passado, com a missão de montar uma equipe que volte a conquistar títulos importantes, mas também a responsabilidade de organizar as finanças de um dos maiores clubes do futebol brasileiro. Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do UOL, o dirigente explica suas ideias à frente do Colorado, os pés no chão em termos de contratações e a responsabilidade de não endividar a instituição por títulos em um curto prazo.

Buscando uma nova realidade em termos da revelação de jogadores, o dirigente aponta a meta que o elenco do Inter tenha 40% de jogadores da base, sendo quatro titulares em um prazo de até dois anos em sua gestão. Ele aponta que o objetivo no clube é não cair na tentação de gastar altos valores em contratações e depois deixar o ônus para as gestões seguintes.

"Temos clareza que o futebol é de resultados, nós não estamos aqui vivendo um sonho e nem uma utopia, nós temos aqui uma relação correta com aquilo que é passional, o que é interesse do torcedor, que são os títulos e as vitórias. Mas nós temos a obrigação e quis o destino que nos permitisse, dessa forma como eu estou falando contigo, eu falei antes de ser eleito, portanto, todo mundo sabia que seria assim, nós temos a obrigação de apresentar um novo modelo do Internacional, um novo modelo para o futebol, que utilize isso que está sendo utilizado já em outros lugares", diz Barcellos.

"O mais fácil seria nós buscarmos 10, 12 contratações, talvez duas, três bombásticas, nos endividarmos para a frente, começarmos a atrasar os salários, porque não vai ter recurso, e fazer uma boa expectativa dentro de campo durar um período e depois a gente sofrer as consequências, que a conta chega. Não, vamos crescer com solidez, vamos passar por momentos difíceis, como outros clubes já passaram, para chegar em um momento em que a gente vai poder, tendo recursos da venda de atletas disponíveis para reinvestimento, escolher, trabalhar melhor, fazer com que o nosso grupo tenha um rendimento", completa.

O dirigente afirma que este caminho de olhar mais para as categorias de base e ajustar as finanças buscando o desenvolvimento de alternativas em relação a programas de sócio-torcedor deveria ser trilhado pelos clubes brasileiros em geral para que eles possam se estruturar melhor.

"A gente ganhou o respaldo do torcedor para fazer as mudanças que a gente entendia que tinha que fazer, mas com muito critério, com muita objetividade e com muita convicção de que é necessário para o Internacional, e eu diria mais, que o futebol brasileiro comece a se movimentar dessa forma, você precisa tratar melhor esses recursos, porque cada vez mais a gente tem isso de uma forma organizada, de uma forma reduzida e a gente precisa trabalhar para que isso gere maior entrega, maior valor e com isso a gente faça essa roda girar positivamente, para que o futebol brasileiro cresça ainda mais", diz Barcellos.

"Temos nossas convicções, mas vamos cobrar resultados"

O presidente do Internacional ressalta que as contratações do técnico espanhol Miguel Ángel Ramírez e do gerente executivo Gustavo Grossi, ex-River Plate, tem a busca por um trabalho de integração da base com o profissional e que este é um projeto que demanda tempo para que os frutos possam ser colhidos, mas aponta que o torcedor pode esperar também que haja a cobrança pelos resultados.

"Nós temos as nossas convicções, mas nós vamos cobrar resultado, nós queremos que evolua. Agora, nós sabemos que o prazo de evolução, que o tempo de evolução é maior do que muitos trabalhos que são conquistados os resultados de forma mais instantânea. É necessária a transformação e nós estamos comunicando isso o tempo todo para que a gente tenha o mesmo relógio de tempo. Eu sei que é difícil, mas que a gente vai trabalhar para que o relógio seja o mesmo e que a gente consiga dar condições técnicas e de estrutura para que esse trabalho se consolide agora", diz Barcellos.

"Temos convicção e certeza de que é possível, sabemos que não é certo, mas é possível, que o Internacional seja campeão nos campeonatos que disputar com essa equipe, com essa comissão técnica no primeiro ano, no primeiro mês ou no segundo mês. Não tem essa desconfiança, nós sabemos que a mudança do jogo, de forma de jogar, de adaptação demora mais, mas isso não impede com o grupo que temos", completa.

Barcellos ressalta a capacidade de adaptação que o elenco do Internacional tem aos diferentes tipos de trabalho, citando os períodos sob o comando de Eduardo Coudet e depois de Abel Braga, antes da chegada do atual treinador Ramírez.

"É um grupo que tem se caracterizado durante esse período por se adaptar ao modelo dos jogos. Tinha um modelo com o Coudet e outro com o Abel, liderou a competição com o Coudet e liderou a competição com o Abel. Então, é um grupo que tem essa condição por ter jogadores com esse grau de entendimento maior, com capacidade. E é evidente que vamos fazer ajustes, estamos fazendo. É evidente que estamos atentos ao mercado, mas ela não nos coloca impeditivo nenhum nesse momento, não nos colocar esse momento impeditivo nenhum de sermos protagonistas máximos em competições que vamos disputar", conclui.

O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.