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Isinbayeva mantém esperança de disputar Jogos do Rio

21/06/2016 20h30

Tcheboksary, Russie, 21 Jun 2016 (AFP) - Quando Yelena Isinbayeva aparece no estádio Tcheboksary, o público não sabe se assiste ao último salto da 'Czarina' ou apenas a mais uma etapa rumo ao tricampeonato olímpico nos Jogos do Rio de Janeiro.

A recordista mundial do salto com vara mostrou força ao se sagrar campeã russa com a melhor marca do ano (4,90 m), mas ainda não sabe se poderá competir na Cidade Maravilhosa.

Na semana passada, a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) manteve a suspensão que impede a Rússia de participar de competições internacionais, abrindo brecha apenas para atletas 'limpos' que preenchem requisitos muito específicos.

Isinbayeva, de 34 anos, nunca foi pega em exames antidoping, mas corre risco de ficar fora mesmo assim, pelo fato de o Comitê Olímpico Internacional (COI) considerar "insuficientes" os esquema de controles em vigor na Rússia.

"Cada federação internacional deve tomar uma decisão sobre a elegibilidade de seus atletas. Neste processo, a ausência de controles antidoping positivos no país não deve ser considerada suficiente. As federações internacionais deverão levar em consideração outros exames, supervisionados e aprovados pelas autoridades internacionais", sentenciou nesta terça-feira o presidente do COI, Thomas Bach.

- 'Safados' da IAAF -Apesar disso, Isinbayeva se disse mais esperançosa com a confirmação de que atletas russos ainda têm a possibilidade de competir no Rio, inclusive sob a bandeira do país, o que a 'Czarina' considera fundamental.

"Sou russa, tenho um país, tenho uma bandeira. Nossa equipe não boicota os Jogos Olímpicos e não há uma guerra em nosso país. Não temos nenhuma razão para participar sob a bandeira olímpica", disse a bicampeã de Atenas-2004 de Pequim-2008.

"Ontem, eu estava desesperada, mas hoje estou muito otimista. Ainda há esperança dentro de mim. Essa esperança ainda não morreu", disse a estrela depois de vencer a competição no estádio Tcheboksary.

"Isso significa que o último salto da minha carreira, eu espero, será no Rio", completou.

Nesta terça-feira, Isinbayeva disputou sua primeira competição oficial em três anos, desde o título mundial conquistado em casa, em Moscou.

Depois disso, ela fez uma pausa de dois anos para realizar o sonho de ser mãe.

No retorno, conseguiu passar facilmente pelo sarrafo de 4,90 m, quatro centímetros acima da melhor marca anterior de 2016, estabelecida pela grega Ekaterinidi, no dia 8 de junho, em Filothei, perto de Atenas.

A 'Czarina' até tentou bater seu recorde mundial (5,06 m), sem sucesso, mas mostrou que está em forma apesar de não poder medir forças com atletas de outros países por causa da suspensão da Rússia.

"O que posso dizer? O principal é que todos nós temos que comemorar o fato de Yelena Isinbayeva ter estabelecido a melhor marca mundial do ano. Mando um beijo da Rússia a todas as minhas adversárias", ironizou, falando de si na terceira pessoa.

Na sexta-feira, minutos depois do anúncio da IAAF, Isinbayeva partiu logo para o ataque ao afirmar que pretendia entrar na justiça para garantir sua vaga nos Jogos.

Depois de chamar os membros do Conselho da IAAF de "safados" na segunda-feira, a atleta mudou de tom depois da reunião do COI.

"Thomas Bach mostrou que é uma pessoa mais comedida, para não dizer humana", afirmou a 'Czarina' nesta terça-feira.

- Preparação atrapalhada -Além de Isinbayeva, outras estrelas do atletismo russo que participaram da competição se disseram otimistas em relação à participação nos Jogos do Rio.

"Existem muitas condições para ser repescado e espero poder preencher todas. A decisão do COI é boa, porque ainda me deixa uma chance", afirmou Sergey Shubenkov, atual campeão mundial dos 110 m com barreiras.

"Fiquei contente não apenas por mim, mas por outros atletas que poderão participar dos Jogos apesar dessa situação", disse por sua vez Darya Klishina, que se sagrou nesta terça-feira campeã russa do salto em distância, com a sétima melhor marca mundial do ano (6.84 m).

A atleta de 25 anos tem mais chances que Isinbayeva e Shubenkov de ser 'repescada', por não treinar na Rússia, mas na Flórida, onde os exames fora das competições são muito mais frequentes, em conformidade com as normas da Agência Mundial Antidoping (Wada).

Atual bicampeã europeia indoor, Klishina reconhece, porém, que sua preparação foi atrapalhada pela suspensão da Rússia das competições internacionais.

"Quando você não pode competir contra os melhores, é muito complicado. Podemos dizer que nos deixam participar sem preparação", completou.