Dupla do Acre faz rifa e percorre 3.723 km em Fusca para a São Silvestre

Nilton Pontes e Genival Sombra atravessaram o país para disputar a 98ª edição da São Silvestre. A dupla deixou Rio Branco, no Acre, a bordo do Fusca 1980, apelidado de Sebastião, rumo à São Paulo. Foram 3.723 km percorridos e pouco mais de dois dias de viagem, que só aconteceu porque Nilton "pegou um tombo" e perdeu a passagem de avião.

Essa vai ser a minha sétima São Silvestre, e eu sempre vim de avião. No finalzinho de outubro eu percebi que o meu voo não existia mais. Eu tinha pegado um tombo e não tinha dinheiro para comprar outra passagem. [...] Aí me deu a loucura de dizer: rapaz, eu vou de Fusca.

O Sebastião, porém, não estava pronto e Nilton pediu ajuda para o amigo e mecânico Genival. Nilton estava preparando o carro para ir para Águas de Lindóia (SP) em junho de 2024 para um encontro de carros antigos.

Ele [Genival] conseguiu terminar o Sebastião em quase dois meses. E eu fiquei incentivando ele a vir comigo, porque ele já correu uma São Silvestre. Aí eu fiz a inscrição dele. E assim foi, a gente ficou treinando e montando o carro. Uma semana antes da gente pegar a estrada, o Sebastião ficou pronto, e a gente se aventurou.

Rifa e homenagem

Eu fiz uma rifa, e o prêmio era um pix de R$ 1.000, ou seja, parte do dinheiro que eu arrecadasse ia virar o prêmio. Eu consegui vender 115 números, e esse foi o dinheiro que ajudou a bancar a gasolina. Eu tô aqui graças também ao apoio dos amigos.

Nilton contou que o gasto apenas com gasolina superou R$ 5 mil. A dupla também voltará de Fusca para Rio Branco.

Detalhe do Sebastião, Fusca do acreano Nilton Pontes, que disputará a São Silvestre 2023
Detalhe do Sebastião, Fusca do acreano Nilton Pontes, que disputará a São Silvestre 2023 Imagem: Arquivo Pessoal

Para homenagear essas pessoas, tem [na lateral do Sebastião] os nomes de quem comprou a rifa.Tá lá o nome de todo mundo no Fusca.

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Viagem e 'perrengue'

Nilton, Genival e Sebastião chegaram em São Paulo na tarde do dia 27 de dezembro. Eles só passaram a noite na estrada no último dia de viagem.

A gente emendou um dia só. Nno último dia a gente não dormiu, na ideia de conseguir chegar em São Paulo antes de escurecer.

E o fusquinha de 43 anos não falhou durante toda a viagem, diferente de Nilton, que trancou o carro com a chave dentro.

Eu fiz essa barbeiragem lá em Ponte de Lacerda, no Mato Grosso. Estava chegando no hotel, eu estava com a chave do quarto na mão e achei que era a chave do carro, aí peguei e tranquei o carro, baixei o piloto e bati. Depois que eu bati, foi que eu percebi que a chave estava dentro.

Mas, para a nossa sorte, o Fusca é muito fácil de se abrir, né? Meu amigo disse 'fica tranquilo, amanhã a gente resolve'. Ele pegou uma faquinha de mesa, cutucou lá pelo morcego, de repente ele abriu e pronto, resolveu o problema.

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Nada de piada

A gente que é do Norte, que é do Acre, sofre muito com preconceito e tal, as pessoas fazem piada, né? Ah, o Acre existe e tal. Primeiro, o Acre existe. Dois acreanos vieram do Acre para São Paulo num Fusca, que a maioria das pessoas acham que um carro velho, que anda a 60 por hora, que não aguenta viagem.

A nossa ideia também era mostrar que o Fusca, que é um carro que revolucionou o automobilismo brasileiro e mundial, e é um carro amado no mundo inteiro. É um carro que, se bem cuidado, é para o dia a dia, para passear com a família, para fazer uma viagem longa. O meu Fusquinha não é uma lata velha, não. O meu Fusquinha é um carro tão bom quanto o seu.

O meu [carrinho] tem 43 anos e aguentou quase 4 mil quilômetros sem quebrar nada.

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