Cielo diz que Londres-12 define presença no Rio-16; tabu de 'trintões' é desafio

Depois de dar como certa a sua participação nos Jogos Olímpicos de 2016, César Cielo mudou um pouco seu discurso, assumindo mais cautela antes de garantir sua participação na competição, que será realizada pela primeira vez no Brasil, no Rio de Janeiro. O nadador mais rápido da atualidade afirmou que tudo dependerá de sua atuação nas Olimpíadas de Londres e dos anos subsequentes a esta disputa, já que será quase um “trintão” daqui a sete anos, um desafio a mais em seus objetivos.

Em entrevista ao programa norte-americano Swimming World TV, Cielo mostrou mais uma vez que só continuará nas piscinas enquanto sentir que tem condições de vencer, até por ele se mostrar um nadador muito competitivo em relação a si mesmo e suas marcas.

“Eu sei que os Jogos de 2016 serão no Rio, mas todo o meu foco está em 2012. A partir de lá é que decidirei o que irá acontecer. Se eu ainda sentir que posso competir com os mais novos em 2015 e 2016, com certeza estarei na água para tentar meus melhores tempos. Mas, o que acontecer nos próximos anos vai definir o meu futuro na natação”, explicou ele.

O paulista reinou este ano como maior nadador do mundo nas provas de velocidade, com os títulos mundiais nos 50 m e 100 m livre, além do recorde nas duas provas. A última marca veio em dezembro, nos 50 m livre, em São Paulo, quando cravou 20s91 no Open, disputado no clube Pinheiros.

Em 2016, Cielo estará com apenas 29 anos – virará um “trintão” em janeiro do ano seguinte -, mas a natação não tem a tradição de ter medalhistas olímpicos com idade avançada.

Desde 1988, quando os 50 m livre começaram a ser disputados oficialmente, houve apenas um campeão olímpico que se compare à idade que Cielo terá à época dos Jogos no Rio.

O feito foi de Gary Hall Jr., que conquistou o ouro aos 29 anos (estava a poucos dias de completar 30) nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. Cielo é o mais jovem da lista de campeões da prova mais rápida da natação com sua conquista em Pequim, aos 21 anos, igualando o que o russo Alexander Popov fizera em 1992, em Barcelona.

Levando em consideração os 100 m livre, a questão da idade parece ser ainda mais determinante. Pegando também como base o ano 1988, o mais velho campeão desde então foi o holandês Pieter van den Hoogenband, em Atenas, aos 26 anos.

Assim, pelos números, César Cielo deve estar em seu auge nos Jogos de Londres e, se mantiver as condições atuais, brigará pelo bicampeonato dos 50 m e para melhorar o bronze nos 100 m. No entanto, terá de superar o retrospecto para triunfar em casa, quatro anos depois.

“Eu nunca desprezo meus rivais. Sei que hoje tenho os melhores tempos, mas tenho que ficar no topo o tempo todo para continuar vencendo”, disse Cielo ao programa, analisando que, pela prova de seu recorde, em São Paulo, ainda pode melhorar. “Acho que minha largada não foi tão boa e não fui tão forte. Tenho coisas a melhorar e estou ansioso em saber como será este ano, sem os supermaiôs. Ainda acho que estou um pouco longe da prova perfeita.”

*Com reportagem de Maurício Dehò