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Rivais invertem papéis, e Palmeiras joga para ampliar calvário do São Paulo

O técnico Abel Ferreira conversa com o elenco do Palmeiras durante treinamento - Cesar Greco/Palmeiras
O técnico Abel Ferreira conversa com o elenco do Palmeiras durante treinamento Imagem: Cesar Greco/Palmeiras

Diego Iwata Lima

Do UOL, em São Paulo

17/11/2021 04h00

Um clássico nunca será amistoso, e o São Paulo, além da pressão inerente ao jogo, encara o Choque-Rei desta quarta-feira (17), às 20h30, como vital para sua permanência na Série A. Para o Palmeiras e seu torcedor, no entanto, a partida no Allianz Parque tem outro tipo de valor.

Que contempla, sim, os três pontos no Campeonato Brasileiro, cuja taça o Atlético-MG parece já ter em mãos. Mas o Palmeiras tem um aspecto intangível de reafirmação e desforra que o passar do tempo não faz diminuir. E que é muito mais importante que o jogo em si para um clube que está há dez dias de jogar uma final de Libertadores e não corre riscos no Brasileirão.

Uma vitória dos anfitriões incendiará de vez os bastidores do rival. Ganhando, o Alviverde pode fixar mais um prego no caixão de seu vizinho de muro, para encaminhar o "funeral" que um rebaixamento significa na trajetória de uma agremiação do tamanho do clube do Morumbi.

"Maldição de Aidar" não se quebra

Como num looping eterno, cada partida contra o São Paulo tem para o palmeirense o sabor da vingança contra Carlos Miguel Castex Aidar, 75, presidente do São Paulo entre 2014 e 2015. O torcedor talvez não saiba a data do evento, mas seu conteúdo é inesquecível.

Em 29 de abril de 2014, pouco depois de eleito, Aidar disse, em entrevista coletiva, que o Palmeiras se "apequenava". A fala tinha como objetivo rebater as queixas do ex-presidente verde Paulo Nobre, pelo fato de o Tricolor ter procurado e contratado o atacante Alan Kardec enquanto o jogador ainda negociava uma renovação com o Palmeiras.

Para arrematar, Aidar ainda disse, comendo uma banana de uma ação de uma campanha contra o racismo, em curso à época, que era preciso ter cuidado para que as frutas não caíssem, pois estavam "verdes" —associação sobre a qual nem era preciso raciocinar muito para se entender

Naquela mesma temporada, em que comemorava seu centenário, o Palmeiras ainda correu risco de rebaixamento até a última rodada do Brasileiro. Mas nos anos seguintes, tudo mudou.

Envolvido em denúncias de favorecimento e cobrança de propinas, com desdobramentos até os dias de hoje, como mostram reportagens recentes do UOL, Aidar renunciaria ao cargo no ano seguinte e se tornaria persona non grata no clube que presidiu duas vezes.

'Eu sou você ontem'

Com o advento do Allianz Parque e uma injeção financeira por parte de Paulo Nobre, que o clube já quitou, Palmeiras e São Paulo, de certo modo, inverteram seus papéis no cenário nacional e internacional.

O Palmeiras conquistou, desde então, seis títulos: uma Copa Libertadores (2020), dois campeonatos brasileiros (2016 e 2018), duas copas do Brasil (2015 e 2020) e um Paulista (2020). Ao São Paulo, coube apenas conquistar o Paulista da atual temporada. Que, em que pese ter sido sobre o Alviverde, passa longe de devolver ao clube seu status vencedor de outrora.

O São Paulo, afinal, havia sido o grande clube da década anterior, com o tri brasileiro —2006, 2007 e 2008—, a Libertadores, o Mundial e o Paulista de 2005 —além da Copa Sul-Americana de 2012.

Rodar o elenco, fazer testes ou entrosar mais o time?

O técnico Abel Ferreira, que nada tem a ver com a rixa histórica entre os dois clubes, tem outra sorte de dilema com o qual se ocupar.

Após o fraco desempenho físico e técnico na derrota para o Fluminense, no domingo, o treinador talvez tenha que poupar algumas peças por conta de desgaste, além dos jogadores que perderá por suspensão.

O português tem uma defesa para entrosar com vistas à final continental, já que Marcos Rocha está suspenso da partida decisiva. Mayke iniciou o jogo contra o Flu no Rio, e Gabriel Menino jogou a segunda etapa. Ambos tiveram desempenho aquém do desejado, e a lacuna segue aberta.

No meio, Felipe Melo voltou ao time titular ao lado de Zé Rafael. Mas, suspenso com o terceiro cartão, já não enfrentará o São Paulo nesta quarta. Danilo e Zé devem formar a dupla de volantes. No ataque, Dudu está fora do jogo, por ter sido expulso nos minutos finais do jogo. Bem como Deyverson, que recebeu o vermelho já depois do apito final.

FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS X SÃO PAULO

Motivo: Campeonato Brasileiro, Rodada 33

Local e Horário: Allianz Parque, às 20h30

Árbitro: Marcelo de Lima Henrique - RJ

Auxiliares: Eduardo Gonçalves da Cruz - MS e Márcia Bezerra Lopes Caetano - RO

VAR: Rodrigo Carvalhaes de Miranda - RJ

Palmeiras: Weverton; Mayke (Gabriel Menino), Gómez (Kuscevic), Luan e Piquerez (Jorge); Danilo, Zé Rafael e Raphael Veiga; Wesley (Luiz Adriano), Rony e Scarpa. Técnico: Abel Ferreira

São Paulo: Volpi; Igor Vinícius (Orejuela), Miranda, Léo e Reinaldo; Liziero, Rodrigo Nestor (Gabriel), Igor Gomes, Gabriel Sara; Rigoni e Luciano Técnico: Rogério Ceni