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'Somos cárceres, e CBF orquestra com deputados', diz pentacampeão mundial

Último time que Gilberto Silva defendeu foi o Atlético-MG: "Jogador é cárcere" - Bruno Cantini/site oficial do Atlético-MG
Último time que Gilberto Silva defendeu foi o Atlético-MG: "Jogador é cárcere" Imagem: Bruno Cantini/site oficial do Atlético-MG

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

25/06/2015 06h00

O volante Gilberto Silva, 38, vestiu o terno, sem gravata, e foi ao Senado, a convite do Bom Senso FC, acompanhar o que seria a votação da Medida Provisória do futebol, em tramitação no Congresso Nacional, na tarde da quarta-feira, 24. Mas, ao final da tarde, a visita mostrou-se pouco proveitosa. Não houve votação e o debate foi comprometido pelas ausências dos deputados e senadores no debate.

Em conversa com a imprensa na saída da sessão, o jogador campeão mundial com o time da CBF em 2002, desabafou: “Foi decepcionante, frustrante, triste. Estou aqui como jogador de futebol representando milhares de atletas no Brasil. Há dois anos o Bom Senso FC está vindo a Brasília com as propostas, expressando nossa vontade e desejo de mudança no futebol mas de forma orquestrada, mais uma vez a votação não acontece. Até quando vamos ficar sofrendo com este atraso?”, indagou o mineiro de Lagoa da Prata, cidade a 200km de Belo Horizonte.

Perguntado sobre quem poderia ter orquestrado mais um adiamento da votação, Gilberto Silva respondeu: “Quem você acha? Quem pode ter orquestrado? Foi mais uma ação orquestrada. Nossa entidade maior [CBF] poderia estar aqui debatendo todas as nossas questões, mas nunca temos respostas deles. Ela poderia estar cuidando do nosso patrimônio, que é o futebol, mas é a quarta vez que a gente espera essa votação e não acontece nada no Congresso Nacional”.

Ele afirmou que a MP pode mudar as relações entre torcedores, jogadores, governo e, principalmente, dirigentes. “Vamos ver ao final da votação desta MP quem quer mudança ou quem quer ficar empurrando com a barriga. Ninguém era a favor da criação dos clubes-empresa porque o dirigente ficaria sob a lei de responsabilidade fiscal e teria de prestar contas direitinho. Mas ninguém quer prestar conta. So quem presta conta no futebol sabe quem é? É o jogador, se ele não joga bem, não pode sair na rua, não pode jantar com a família. Fica em um cárcere, ou uma espécie de cárcere, sofrendo altas pressões”, explicou o atleta que vestiu a camisa da CBF em três Copas do Mundo (2002, 2006 e 2010).

Gilberto Silva está sem clube e sem atuar desde 2013. A última vez que atuou profissionalmente foi quando defendeu o Atlético-MG no clássico contra o Cruzeiro em que lesionou-se no joelho direito. De lá para cá, passou por duas cirurgias, mas disse que ainda está se recuperando e já tem propostas de clubes da Série A do Campeonato Brasileiro  e de equipes estrangeiras.