Topo

Fórmula 1

Sexto título mostra Hamilton em versão "predador" também aos domingos

Lewis Hamilton ultrapassa Leclerc e Vettel na largada do GP dos EUA - Clive Mason/Getty Images/AFP
Lewis Hamilton ultrapassa Leclerc e Vettel na largada do GP dos EUA Imagem: Clive Mason/Getty Images/AFP

Julianne Cerasoli

Colaboração para o UOL, de Londres (ING)

04/11/2019 12h00

Lewis Hamilton deu seu recado aos rivais antes mesmo de entrar em sua Mercedes para conquistar o hexacampeonato no GP dos Estados Unidos, ontem (3). "Ainda não sinto que estou no meu ápice. E isso é reconfortante", disse o inglês, que mostrou sinais claros disso durante a campanha do sexto título mundial, Em um ano em que Hamilton poucas vezes brilhou em sua especialidade, a classificação, foi aos domingos que ele mostrou, aos 34 anos, uma nova faceta.

O piloto que começou sua trajetória na Fórmula 1 com uma tocada marcada pela agressividade agora tem cinco títulos conquistados na era dos pneus Pirelli, muito sensíveis e com tendência ao superaquecimento. Ele tem se focado cada vez mais em desenvolver técnicas para usá-los aos máximo e, ao mesmo tempo, preservá-los. E, todas as vezes em que isso foi necessário neste ano, ele deu um banho nos rivais.

"Se você for uma mulher neste planeta e tiver o Lewis te fazendo uma massagem da mesma maneira como ele cuida dos pneus, deve ser mágico", brincou Sebastian Vettel depois do GP do México, quando Hamilton deu 48 voltas com o mesmo jogo de pneus mesmo com o assoalho do carro comprometido. Em Mônaco, Hungria e em casa, na Inglaterra, Hamilton seria a estrela de "massagens" bastante parecidas.

Domando o 'touro mecânico'

O inglês conquistou seu sexto título com duas corridas para o final da temporada, mas não foi uma jornada fácil para ele. "No primeiro teste, o carro parecia um touro mecânico que queria me jogar para fora", disse Hamilton ao UOL Esporte sobre o modelo deste ano da Mercedes. De fato, especialmente nas primeiras classificações, o inglês não parecia à vontade no carro, até aparecer com um sorriso de orelha a orelha após marcar a pole position do GP da França, em junho.

Antes daquela prova, ele tinha conseguido abrir uma diferença de 29 pontos em relação a Bottas, muito em função da falta de sorte e consistência do companheiro, que havia perdido 24 pontos em relação a Hamilton nas duas corridas anteriores - por ter se tocado com Verstappen na saída do box em Mônaco e pela classificação muito ruim no Canadá. Porém, agora em paz com a sua Mercedes e com a tocada ao mesmo tempo suave e veloz que tem marcado essa fase mais madura da carreira, ele não daria mais chances aos rivais.

Sangue novo é combustível

É fato que a Mercedes sobrou na primeira metade do campeonato, mas Hamilton não cansou de impressionar até depois que já era claro que seria apenas uma questão de tempo para que ele se sagrasse campeão. Algumas de suas melhores corridas na temporada não foram quando disputava diretamente com Bottas, e sim com Verstappen em Mônaco ou com Sebastian Vettel no México. Mesmo quando não venceu, Hamilton complicou bastante a vida de Charles Leclerc na Bélgica e na Itália, mostrando um desejo inabalável de ganhar, mesmo tendo todos os motivos (e pontos) para "jogar com o regulamento debaixo do braço".

Essa sede de Hamilton é em grande parte alimentada pela nova geração que tanto brilhou na Fórmula 1 neste ano. Verstappen e Leclerc ainda estavam no kart quando era Hamilton quem despontava na era pós-Schumacher e, mais do que chegar nos números do alemão, o agora hexacampeão parece mais faminto por batê-los em disputas mais diretas, com os equipamentos mais igualados, como foi nesta segunda metade do campeonato.

É bem provável que isso possa acontecer em 2020, vide a competitividade dessa segunda metade de 2019. Se for o caso, um dos pilotos mais consistentes da história da Fórmula 1 garante que, aos 35 anos, estará mais preparado e faminto do que nunca para enfrentar a nova geração e se tornar o maior vencedor da história.

Fórmula 1