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Novas regras da F-1 para 2021 dividem opiniões: peso e lentidão preocupam

Fórmula 1 apresenta modelo de carro que vai usar a partir de 2021 - Julianne Cerasoli/UOL Esporte
Fórmula 1 apresenta modelo de carro que vai usar a partir de 2021 Imagem: Julianne Cerasoli/UOL Esporte

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Austin (EUA)

31/10/2019 19h52

A Fórmula 1 apresentou nesta quinta-feira sua maior mudança de regras da história, que vão entrar em vigor em 2021. Com o objetivo de tornar as disputas mais equilibradas, foram feitas mudanças no regulamento técnico, esportivo e, pela primeira vez, será implementado um teto de gastos para as equipes, de 175 milhões de dólares por ano.

Confira o que muda na Fórmula 1 em 2021

Foi a primeira vez que as equipes participaram ativamente do processo, assim como um sistema de simulação também foi usado pelos detentores dos direitos comerciais da Fórmula 1 para testar a configuração de carro que gerasse a maior redução de turbulência e, com isso, a melhor chances das corridas serem mais disputadas.

Paralelamente a isso, a imposição do teto de gastos (que não considera os salários dos pilotos) visa diminuir a diferença entre as equipes pequenas e grandes, e vem junto de restrições do desenvolvimento de algumas peças. Assim, a ideia é ter um equilíbrio entre tornar os resultados menos previsíveis e manter o DNA da F-1, de ser um campeonato de construtores, em que um carro é diferente do outro.

Quais são as críticas?

Mas nem todo mundo recebeu bem as novas regras. Ele critica três pontos: a continuidade dos motores híbridos V6 turbo, o aumento de 25kg no peso dos carros, e a expectativa de que, com menos ação da aerodinâmica, os carros fiquem até 3s5 por volta mais pesados. "Gostaria que o motor fosse outro, que fosse realmente relevante para os carros de rua. É a grande diferença de onde a F-1 está hoje em comparação com onde ela sempre esteve", disse Sebastian Vettel, o maior crítico às mudanças. "Acho que essa tendência de aumentar o peso é negativa, e essa é uma opinião que todos os pilotos têm, porque o carro já é mais pesado. Tínhamos pedido carros mais rápidos e eles aceitaram, em 2017, e é assim que deve ser: o fã tem que ver que o carro é difícil nas curvas, isso tem que fazer parte do espetáculo da F-1. Tem que ser o carro mais rápido que existe."

Do lado do regulamento técnico, o peso é mesmo a maior fonte de reclamações dos pilotos, uma vez que, quanto mais pesado o carro, maior a necessidade de cuidar dos pneus durante a corrida. O aumento de 25kg vem, principalmente, da adoção de pneus de 18 polegadas, que ajudam a dar um visual mais agressivo ao novo carro.

Mas houve quem também reclamou o teto de gastos. "Deveria ficar entre 100 e 120 milhões de dólares, que é o que a maioria das equipes gastam", avaliou o chefe da Haas, Guenther Steiner. "E também é fato que as equipes maiores vão usar os seus recursos em 2020 para desenvolver o carro, antes do teto ser implementado, e isso pode lhes dar uma vantagem."

Quais os pontos positivos?

As regras acabaram sendo bem menores do que se previa quando elas começaram a ser estudadas, há dois anos, mas a F-1 atingiu seu objetivo de padronizar algumas partes do carro que envolviam muito investimento para pouco efeito prático. A transmissão, por exemplo, vai poder ser alterada apenas uma vez por cinco anos. Isso ajuda a diminuir gastos e a equalizar o rendimento dos carros.

Mas o grande ponto positivo é a expectativa de que os carros possam seguir um ao outro mais de perto. Na apresentação feita por representantes da F-1 e da FIA nesta quinta-feira em Austin, o chefe de monopostos da FIA, Nicholas Tombazis afirmou que o novo carro vai perder apenas 14% do rendimento quando estiver a um carro de distância do rival. Hoje, perde-se 45%. Isso ocorre devido à turbulência gerada pelos carros e faz com que as ultrapassagens fiquem mais difíceis.

"Para mim, não importa como for o visual do carro, contando que tenhamos grandes disputas. É o que queremos", disse George Russell, que estreou neste ano na categoria. "Acho que será uma era interessante", disse Lewis Hamilton, prestes a conquistar seu sexto título na carreira - o quinto em seis anos. "Estou planejando continuar aqui e quero ser um pioneiro desta nova era."

Por que mudar agora?

O grande gatilho para uma mudança tão extensa é o fato dos contratos de todas as equipes com a Fórmula 1 acabarem em 2020, associado aos últimos seis anos de domínio da equipe Mercedes e do aprofundamento da diferença de rendimento entre os carros das três melhores equipes - Mercedes, Ferrari e Red Bull - e o resto.

Como as equipes cobravam mudanças importantes para renovar seus contratos, foi iniciado o maior processo de simulação já feito para garantir que o novo carro vá, de fato, melhorar significativamente a questão da turbulência, e também equilibrar o desempenho entre as equipes. O processo foi especialmente demorado para que as equipes tivessem certeza de que não vão precisar mudar as regras novamente, uma vez que, a cada alteração, a tendência é que as equipes mais ricas tenham vantagem.

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