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Por que Lewis Hamilton acha que só teria um título se não fosse Niki Lauda?

Lewis Hamilton chega para funeral de Niki Lauda - Leonhard Foeger/Reuters
Lewis Hamilton chega para funeral de Niki Lauda Imagem: Leonhard Foeger/Reuters

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

03/06/2019 04h00

A definição é do próprio Lewis Hamilton: "Se o Niki Lauda não tivesse me ligado, ainda teria apenas um título mundial e as 21 vitórias que eu tinha na época de McLaren. Se agora eu estou aqui como um pentacampeão do mundo, é porque eu devo muito a ele."

A ligação à qual o inglês se refere foi em meados de 2012, quando Lauda tentava convencê-lo a se juntar à Mercedes. Na época, Hamilton estava entre os primeiros colocados do campeonato e vencendo corridas com a McLaren, enquanto a Mercedes estava em sua terceira temporada após o retorno ao esporte, em 2010, e era apenas o quinto time mais forte daquele ano.

Mas ainda que Hamilton admita que o que realmente o convenceu a ir à Mercedes tenha sido a presença de Ross Brawn, que deixaria o time logo depois, ao final de 2013, a presença de Lauda também foi fundamental - tanto para o piloto, quanto para a própria Mercedes.

"Eu convenci Lewis a nos visitar, mas foi Niki quem persuadiu os acionistas da Mercedes a nos dar o dinheiro para contratá-lo. E essa não foi uma tarefa difícil", relembra Ross Brawn, hoje diretor técnico da F1.

E essa não foi a única contribuição de Lauda para o time. "Tenho que admitir que com a abordagem incansável dele houve várias situações em que entramos em conflito, mas encontramos uma boa maneira de trabalhar juntos e os conselhos de Niki sempre foram valiosos para a equipe, pois ele sempre conseguia ver o todo. O legado dele é gigantesco. Ele foi importante para desenvolver a equipe que domina a F1 e que possivelmente pode se tornar o time de maior sucesso da história."

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Hamilton foi muito criticado quando decidiu trocar a McLaren pela Mercedes no final de 2012, mas desde então ganhou quatro campeonatos e 56 corridas com o time, enquanto a McLaren não vence uma corrida desde 2012.

Além de ter ajudado a convencer Hamilton a ir à Mercedes e a Mercedes a pagar por Hamilton, Lauda também teve papel fundamental como mediador quando o inglês e o ex-companheiro Nico Rosberg passaram a ter problemas de relacionamento. Muitas vezes acusado de defender o inglês nessa época, Lauda acabou se tornando próximo do hoje pentacampeão.

Essa proximidade continuou nos últimos meses de vida, depois que Lauda ficou fragilizado por um transplante duplo de pulmões, como contou o inglês. "Estive sempre em contato com Niki nos últimos oito meses. Ficávamos mandando vídeos um para o outro o tempo todo e era sempre difícil porque às vezes ele parecia estar bem e dizia que ia voltar ainda mais forte, que estaria na próxima corrida, e às vezes ele tinha perdido muito peso de uma hora para a outra. Foi com certeza muito duro."

Usando o capacete inspirado nas cores usadas por Lauda, Hamilton venceu a última etapa, o GP de Mônaco, de ponta a ponta e lidera o campeonato de pilotos com 17 pontos de vantagem para o companheiro Valtteri Bottas após seis etapas disputadas. A próxima corrida será neste final de semana, no Canadá.

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