Fórmula 1 anuncia adoção de halo nos carros a partir da temporada 2018
A Fórmula 1 irá adotar o halo, sistema de proteção para o crânio dos pilotos, a partir da temporada 2018. A informação foi divulgada pela própria categoria, após reunião do chamado Grupo de Estratégia da categoria nesta quarta-feira.
A novidade chegou a ser testada por diversas equipes nos últimos meses, dividindo opiniões. Alternativas como o 'shield' (uma tela de acrílico diante do cockpit) também chegaram a ser analisadas.
A mudança foi divulgada em comunicado pela Federação Internacional do Automóvel (FIA) em comunicado publicado no site da F-1.
"De acordo com decisão unânime do Grupo de Estratégia (da Fórmula 1), tomada em julho de 2016, para introduzir proteção adicional frontal à Fórmula 1, e com repetido apoio dos pilotos, a FIA confirma a introdução do halo em 2018. Com o apoio das equipes, determinadas mudanças no design serão posteriormente apresentadas. Tendo desenvolvido e avaliado um grande número de aparatos nos últimos cinco anos, tornou-se claro que o halo é a melhor alternativa de segurança", diz o comunicado.
A reunião desta quarta-feira contou com observadores de todas as equipes do atual grid da F-1. Entre outras novidades, a FIA reforçou o compromisso de abrir as portas para novos fornecedores de motor a partir de 2021, desde que sejam mais baratos. Em encontro no começo de abril, fabricantes como a Volkswagen marcaram presença.
A entidade máxima do automobilismo mundial ainda anunciou “apoio unânime” das equipes a uma política de controle de custos. Uma força-tarefa, formada por representantes dos donos dos direitos comerciais da F-1 e das equipes terá a missão de oferecer “soluções inovadoras para garantir que o esporte continua sustentável pelos próximos anos”.
De quebra, a Fórmula 1 ainda anunciou a intenção de “melhorar o espetáculo”. “Um número de medidas esportivas para a melhoria do show também foi debatido, e estudos específicos serão realizados”, diz o comunicado da FIA, sem detalhes.
Shield fica de lado
O 'shield' (escudo, em português) foi testado recentemente pela Ferrari - e acabou recebendo críticas. Segundo Sebastian Vettel, a peça - fabricada pela empresa italiana Isoclima - atrapalhava a visão dos pilotos, além de dificultar a entrada e a saída do cockpit.
“Para entrar e sair do carro é difícil, deu para ver. A gente tinha planejado andar mais, só que olhar para frente através dessa cúpula - já que o vidro é um pouco côncavo - me deixou um pouco tonto. Foi como pilotar sendo vesgo”. A reação de Sebastian Vettel ao primeiro teste realizado com o chamado escudo, visor instalado no cockpit para aumentar a segurança na região da cabeça dos pilotos, foi tão negativa que já causa dúvidas sobre sua introdução na próxima temporada, como quer a Federação Internacional de Automobilismo.
Perguntado sobre a reação dos pilotos à novidade, Daniil Kvyat se mostrou bastante negativo. “Não foi das melhores, Seb (Vettel) disse que era bem difícil do lado de dentro pelo que entendi. Acho que é o pior que já foi testado até agora e não acho que o projeto vai adiante. Claro que só vou saber qual a sensação quando testar, mas conversamos na reunião dos pilotos e parece que a visibilidade é bem difícil.”
Seu companheiro de Toro Rosso, Carlos Sainz, também salientou que é preciso trabalhar em cima do conceito. “Do meu ponto de vista, de fora é mais atrativo que o halo. Mas pelo que conversamos, do lado de dentro, é algo que ainda não está bem desenvolvido. Seb disse que vai precisar de mais tempo para desenvolvê-lo em comparação com o halo. Então espero que eles encontrem uma solução.”
A Isoclima já tinha preparado outros dois visores para serem testados, nos quais os problemas de reflexo seriam menores, mas não houve tempo hábil para colocá-los na pista antes dos testes da Ferrari. Diante da má recepção entre os pilotos e da cobrança por mais testes, a empresa planejava realizar mais testes em setembro, nas etapas de Itália e Cingapura
Queda de braço
A abertura para mudanças no design do halo vai de encontro às críticas feitas por equipes e pilotos às duas alternativas propostas para 2018. Segundo Christian Horner, chefe de equipe da Red Bull, "ambos têm grande influência na aerodinâmica e no projeto do carro". "Se nós temos dificuldades e somos a Red Bull, imaginem os times pequenos?", questionou.
A pressão era que a FIA tomasse uma decisão logo, uma vez que os chassis para a temporada 2018 já estão começando a ser fabricados. E a instalação do halo implica em mudanças no chassi - trata-se de um processo longo, e também há a necessidade de passar pelos testes de impacto bem antes dos testes de pré-temporada começarem, em fevereiro.
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