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Pilotos passam mais tempo dando entrevista do que disputando o GP na F1

Lewis Hamilton dá entrevistas durante o final de semana do GP da Espanha - Dan Istitene/Getty Images
Lewis Hamilton dá entrevistas durante o final de semana do GP da Espanha Imagem: Dan Istitene/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

20/05/2017 04h00

“Foi divertido a maior parte do tempo. No resto dei entrevistas”, disse Fernando Alonso logo após sua primeira visita à Indy. “Acho os testes até mais inúteis que isso aqui”, afirmou Lewis Hamilton durante uma coletiva de imprensa. Os pilotos são unânimes em dizer que responder perguntas dos jornalistas é a pior parte de seu trabalho. Mas nem por isso deixa de ser uma parte pequena de seu final de semana durante as corridas: em comparação com um jogador badalado do futebol brasileiro, por exemplo, um piloto passa seis vezes mais tempo diante dos microfones por mês. Isso significa que, a cada GP, um piloto como Felipe Massa passará mais tempo dando entrevistas do que disputando a corrida.

Essa diferença em relação ao futebol aumenta ainda mais na comparação com grandes times da Europa. Um jogador como Lionel Messi, por exemplo, pode passar uma temporada inteira no Barcelona sem dar uma entrevista coletiva sequer. Suas entrevistas são resultado ou de difíceis negociações de exclusivas ou feitas logo após os jogos, nas chamadas zonas mistas. Porém, ali, os jogadores não têm obrigação de parar para falar com nenhum veículo e não costumam permanecer por mais de cinco minutos.

A exceção são jogos da Uefa, em que um jogador ou o treinador tem de ser escalado para uma rápida entrevista após o jogo, que também não dura mais de cinco minutos. Os treinadores, aliás, são os principais responsáveis pela comunicação, sendo sempre escalados para as coletivas, realizadas geralmente duas vezes por semana nas grandes equipes. No Barcelona, só há algum jogador presente nestas coletivas duas vezes por mês.

No Brasil, é mais normal que os jogadores falem: um atleta famoso de um grande clube de São Paulo, por exemplo, vai à coletiva, que dura cerca de 30 minutos, uma vez por mês e também pode ser abordado após os jogos, na saída do campo. Ainda assim, os jogadores não costumam ficar mais de cinco minutos à disposição.

Assim, levando em consideração um mês agitado, com dois jogos por semana, um jogador brasileiro geralmente passa cerca de 70 minutos dando entrevistas.

Quase 3h só de entrevistas em um GP

Na Fórmula 1, a exposição é concentrada nos quatro dias de atividades de GP - a primeira delas, na quinta-feira, é justamente dedicada a entrevistas - e um piloto como Lewis Hamilton fala por cerca de 180 minutos a 220 minutos com a imprensa, descontando entrevistas exclusivas. De acordo com dados fornecidos pela Williams ao UOL Esporte, seus pilotos têm disponibilidade semelhante:cerca de 135 minutos por GP, ou 2h15. Isso significa mais do que a própria corrida que, por regulamento, não pode ultrapassar as 2h de duração.

O trabalho do piloto começa na quinta-feira. Das cinco etapas disputadas até agora, Hamilton foi escalado para a coletiva oficial em três delas, e isso quer dizer falar meia hora com a imprensa escrita e mais meia hora com TVs e rádios, no equivalente à zona mista da F1, apelidado ‘cercadinho’. Depois, o inglês ainda fala novamente com a imprensa escrita por 10 a 15 minutos.

Na sexta-feira, após os treinos livres, Hamilton dá uma entrevista de cerca de 10 minutos a TVs. No sábado e no domingo, como geralmente fica entre os três primeiros, enfrenta uma realidade semelhante à da quinta-feira, com cerca de 1h15 diante dos microfones. Isso, porque o britânico nunca gostou de falar com a mídia no grid, o que também é permitido, mas é uma decisão que cabe a cada piloto.

Quem atende mídias em diferentes línguas também acaba falando mais. Em sua época de Ferrari, Fernando Alonso dava coletivas em inglês, espanhol e italiano. Vai ver é por isso que esses atletas torcem o nariz para essa parte de seu trabalho que é bem diferente de pilotar.

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