Bico de pássaro inspirou engenheiro japonês a criar trem-bala mais rápido
Atirar em pássaros era um hobby que Eiji Nakatsu, quando criança, tinha com o pai. Já adulto, o engenheiro decidiu assumir uma postura diferente diante da natureza e se tornou observador dos animais.
Esse seu novo hobby foi responsável por mudar a vida de milhões de pessoas no Japão.
Isso porque foi com seu conhecimento sobre pássaros adquiridos durante essas observações que ele teve uma grande ideia para solucionar um baita problema.
O famoso trem-bala da Japan Railway West (JR West), no final dos anos 1990, chegava a uma velocidade de cerca de 270 km por hora. Só que, quando a velocidade máxima era atingida e o trem saía de um túnel, ele fazia um barulhão que podia ser ouvido a 400 metros de distância.
Eiji Nakatsu, então, pensou numa solução para isso com base no que conhecia sobre o voo do pássaro martim-pescador.
Ele se lembrava que, quando mergulhava para pescar, o pássaro conseguia sair do ar em alta velocidade e colocar o bico no rio sem espirrar nenhuma gota d'água.
E o segredo para isso estava na forma do bico do animal.
Foi então que ele pensou em projetar a parte dianteira do trem como o formato do bico do martim-pescador e, em laboratório, conseguiu observar que, assim, o trem-bala fazia bem menos barulho e atingia uma velocidade ainda maior.
O novo trem conseguiu chegar a 320 km por hora. O projeto também se inspirou nas penas de uma coruja e no abdômen de um pinguim.
"Você não pode ter uma solução que crie um problema"
Procurar na natureza soluções para problemas tecnológicos não é uma exclusividade do engenheiro Eiji Nakatsu. Essa técnica é conhecida como biomimética e foi criada pela bióloga e ativista americana Janine Benyus.
Para Benyus a exuberância da natureza merece ser contemplada assim como uma grande professora porque, tendo em vista a seleção natural que afirma que os mais adaptados sobrevivem, neles deve estar a resposta para muitos dos nossos problemas humanos.
"O que vemos aqui representa menos de 1% das espécies que já passaram pelo planeta. O que sobreviveu foi altamente aperfeiçoado durante 3,8 bilhões de anos de seleção natural", argumenta a bióloga em prol do uso dos conhecimentos da natureza para solucionar problemas gerados pela humanidade.
O trabalho de Benyus e histórias inspiradas nele como a de Nakatsu são contadas no documentário "Biocêntricos", dirigido pelos brasileiros Fernanda Heinz Figueiredo e Ataliba Benaim.
O filme conta histórias de pessoas que, ao observarem a natureza e seu funcionamento, encontraram soluções para problemas sociais e tecnológicos.
O longa teve sua estreia mundial na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, mas entrará em cartaz nos cinemas de várias capitais brasileiras no dia 16 de março.
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