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Ação transforma rivais no futebol em aliados para fazer o bem na pandemia

Grupo destinou dinheiro que usava para jogar futebol para comprar e distribuir cestas básicas - Acervo pessoal
Grupo destinou dinheiro que usava para jogar futebol para comprar e distribuir cestas básicas Imagem: Acervo pessoal

Sofia Hermoso

Colaboração para o Ecoa, em São Paulo

01/07/2021 06h00

O arquiteto e produtor de eventos Pedro Meireles, 31 anos, não deixou sua paixão morrer durante a pandemia. Pelo contrário, encontrou uma maneira de utilizá-la para ajudar outras famílias em um período tão cheio de incertezas. Apaixonado por futebol, Pedro se inspirou em um projeto que viu na TV e uniu amigos e rivais de campo para criar o Passe Certo.

Ao se deparar com as limitações que o distanciamento social impôs ao ramo de eventos, Pedro voltou a trabalhar com arquitetura e percebeu que, diferentemente dele, muitas pessoas não teriam essa escolha. Foi então que o jogador do time amador All Games F.C. teve a ideia de arrecadar doações para famílias em vulnerabilidade social. Para colocar a mão na massa, aproveitou a paixão pelo futebol - que também foi afetado nesse período - não só dele, mas de todos os conhecidos de onde praticava o esporte.

"A gente joga num campeonato que chama Chuteira de Ouro. Eu entrei no grupo e falei 'já que estamos parados, vamos usar essa grana que a gente usaria para jogar e ajudar as pessoas que tanto necessitam. Juntamos 26 pessoas de 26 times e demos o prazo de uma semana para cada um arrecadar o que pudesse com seu time", conta Pedro. Ao final da primeira semana ele juntou R$ 36 mil, o que equivale a 800 cestas básicas, além de 1 tonelada de roupas e sapatos.

A primeira entrega foi feita no bairro São Mateus, na zona leste de São Paulo. Para saber como proceder com as doações, o arquiteto entrou em contato com o líder da comunidade e pediu orientação aos integrantes de outros projetos voluntários. A partir daí, a iniciativa cresceu e de uma ação pontual, passou a ser recorrente. O nome Passe Certo foi pensado em referência ao movimento dentro do campo de futebol, que aproxima a bola do gol.

Passe Certo - Acervo pessoal - Acervo pessoal
Passe Certo tem cerca de 24 voluntários e já distribuiu quase 2.800 cestas básicas pelas comunidades de SP
Imagem: Acervo pessoal

Hoje, mais de um ano após o início, o Passe Certo conta com cerca de 24 voluntários e já distribuiu quase 2.800 cestas básicas pelas comunidades da capital paulista. A ponte entre o projeto e as famílias que recebem as doações é feita pelos líderes dos bairros, por terem proximidade e conhecerem a realidade dos moradores. Para fazer as entregas, que acontecem aos finais de semana, os voluntários se revezam.

Pedro recebe muito apoio de amigos e familiares. Além da esposa Bruna também estar envolvida na iniciativa, ele tem como braço direito o amigo de time Thiago Martinelli e o rival de time - mas também amigo - Léo Rocha. Por ter construído uma forte rede de amparo, o arquiteto pensa em transformar o Passe Certo em uma ONG.

Pedro faz questão de frisar que o responsável pela concretização da ideia foi o espírito de solidariedade, muito necessário no futebol. Entre companheiros e adversários, a rivalidade fica apenas em campo. Além das cestas básicas, que são montadas para durarem cerca de 20 dias, a iniciativa já arrecadou kits de brinquedos, doces, livros, roupas e sapatos.

Para o arquiteto "ajudar nunca é demais porque eu sei dos privilégios que tenho e a galera que está comigo sabe do privilégio que tem. Eu acho que a gente precisa por na cabeça que não adianta só olhar pro próprio umbigo, precisa pensar no geral, na sociedade em que vive."

É possível doar qualquer valor pelo pix pedromeireles89@gmail.com
É possível entrar em contato por meio do perfil do projeto no Instagram