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Jaguar relançará os E-types mais antigos do mundo, mas só venderá em pares

Colunista do UOL

15/08/2020 06h00

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(SÃO PAULO) - Salão de Genebra, 15 de março de 1961. A Jaguar vai revelar ao mundo um novo esportivo que instantaneamente se tornará referência em beleza, luxo e poder. O problema é que o carro ainda não chegou ao evento. Está a caminho, vindo de Coventry, Inglaterra, onde fica a sede da empresa. E não vem de caminhão-cegonha, mas rodando, guiado pelo gerente de relações públicas da empresa, Bob Berry, no modo "flat out", gíria em inglês para "pé em baixo".

Jaguar E-Type com o fundador da marca, Sir William Lyons - Divulgação/©JDHT - Divulgação/©JDHT
Jaguar E-Type com o fundador da marca, Sir William Lyons
Imagem: Divulgação/©JDHT

Enfim, um cupê pintado na cor Opalescent Gunmetal Gray, placas 9600 HP, chega ao Parc des Eaux Vives minutos antes de Sir William Lyons, fundador da marca britânica, apresentar a novidade para convidados e jornalistas.

Jaguar E-Type Sir Lyons Genebra - Divulgação/©JDHT - Divulgação/©JDHT
Fundador da Jaguar, Sir William Lyons apresenta o E-Type a jornalistas no Parc des Eaux Vives; Genebra, 1961
Imagem: Divulgação/©JDHT

Tal foi a demanda por test-drives e por fotos e o frenesi ao redor do lançamento, que Lyons mandou o engenheiro e piloto Norman Dewis "drop everything" (largar tudo) e trazer a outra unidade de pré-produção do esportivo para Genebra, também rodando. Esta, um conversível pintado na lendária British Racing Green, placas 77 RW.

JAguar E-Type 77 RW - Divulgação/©JDHT - Divulgação/©JDHT
Jaguar E-Type '77 RW ' em test-drive de demonstração; Genebra, 1961
Imagem: Divulgação/©JDHT

Para celebrar o 60º aniversário do E-type, a Jaguar vai restaurar e pôr à venda, em março do ano que vem, 12 unidades que homenageiam os modelos do Salão de Genebra, considerados os mais antigos e importantes na carreira de 14 anos do ícone inglês. Colecionadores então levarão para casa o par formado pelo cupê "Flat Out Grey 9600 HP" e pelo conversível "Drop Everything Green 77 RW", nomes que remetem aos seus contextos históricos e físicos.

Jaguar Classic 9600/77 - Divulgação/©JDHT - Divulgação/©JDHT
E-Types '77 RW' e '9600HP' em demonstração durante o Salão de Genebra de 1961
Imagem: Divulgação/©JDHT

Batizados de E-type 60 Collection, serão equipados com motor seis-cilindros de 3,8 litros e confeccionados pela Jaguar Classic, que adicionará às características originais detalhes de design comemorativos, criados em conjunto com o atual diretor de design da Jaguar, Julian Thomson.

Preços não foram revelados, mas espera-se algo na casa de milhões. De libras.

JAguar 60 Collection  - Divulgação - Divulgação
E-type 60 Collection
Imagem: Divulgação

Swinging Sixties

O E-type nasceu quando o engenheiro aeronáutico Malcolm Sayer pegou o D-type que havia vencido as 24 Horas de Le Mans e o reinterpretou para uso fora das pistas. Segundo ele, sua criação fora o primeiro automóvel matematicamente desenhado (seja lá o que isso significa).

Jaguar E-type Série 1 - Divulgação  - Divulgação
Jaguar E-type Série 1
Imagem: Divulgação

Em 1996, o E-type se tornou o terceiro carro no acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York - os dois primeiros foram um Cisitalia 202 GT 1946 e uma Ferrari 641/F1-90. Em 2008, uma eleição do Daily Telegraph o colocou no topo do ranking dos 100 automóveis mais bonitos da história.

Há quem diga que nem mesmo o Mini Cooper traduziu para o mundo automotivo os Swinging Sixties - como ficou conhecida a revolução cultural que marcou o Reino Unido nos anos 1960 - tão fielmente quanto o E-type. Viril e sexy, habitou as garagens de Steve McQueen, Brigitte Bardot, Frank Sinatra e George Harrison, entre outras personalidades.

JAguar E-type série 1 - Divulgação  - Divulgação
Jaguar E-type Série 1
Imagem: Divulgação

De 1961 até 1975, quando se aposentou, o E-type se dividiu em três fases. O Série 1 era equipado com um motor 3.8 de seis cilindros em linha e 265 cv, capaz de lançar o esportivo até os 100 km/h em 6,7 segundos e alcançar os 240 km/h, segundo a marca. Três anos após o lançamento, esse motor teve a capacidade aumentada para 4,2 litros. É tido como o E-type mais bonito, enquanto o Série 2 (1968 a 1971) é o melhor para dirigir, dizem. O Série 3, equipado com um 5.3 V12, foi o mais potente, com 272 cv.

JAguar E-type Série 3 - Divulgação  - Divulgação
Jaguar E-type Série 3
Imagem: Divulgação

Entre os principais avanços para a época estavam os freios a disco nas quatro rodas e a suspensão independente nas quatro rodas. E custando £ 2,256, metade do que custava um Aston Martin.

Recentemente, a Jaguar Classic relançou (por £ 732, o equivalente a R$ 5,2 mil) o kit de ferramentas que acompanhava os E-type Série 1 e Série 2. Uma bolsa de couro sintético acomodada no canto do porta-malas reúne alicate, chaves de fenda (uma delas para ajustar o ponto de ignição) e uma pistola de graxa, entre outras peças.